O pentagrama é uma estrela de cinco pontas, desenhada com
uma linha contínua, utilizada há milhares de anos por diferentes culturas (inclusive na umbanda) como
o símbolo do laço infinito. Ele representa para muitos a proteção contra demônios e
também a verdade, sendo uma espécie de amuleto anti o mal.
Dos magos e bruxos aos cristãos e monges, o pentagrama sempre representou a verdade
implícita, de um certo misticismo religioso e nenhuma associação maligna ou de
má fé.
A humanidade sempre teve ao seu redor um mundo de forças e energias ocultas que muitas vezes não conseguia compreender nem identificar. Assim sendo, buscou ao longo dos tempos, proteção a esses perigos ou riscos que faziam parte de seu medo ao desconhecido, surgindo aos poucos muitos objetos, imagens e amuletos, criando-se símbolos nas tradições de cada povo.
É conhecido por diversos nomes dentro das diversas tradições mágickas, ocultistas e espirituais existentes: Símbolo de Baphomet, Adam Belial, Pentagrama, Estrela Flamejante, Bode de Mendes, Bode Preto e muitos outros.
O pentagrama simboliza para muitas dessas tradições o microcosmo (pequeno mundo) e o microprósopo (pequena face) que, segundo o simbolismo cabalístico e alquímico, são a imagem e a semelhança do macrocosmo (universo ou grande mundo) e do macroprósopo (grande face). O Homem possui em si, de maneira proporcional, todos os elementos do universo, sendo ele mesmo um universo único que pode ser comparado ao Grande Universo Ilimitado.
O Pentagrama representa o número 5, a união do 2 e do 3, um princípio feminino (2) acrescido de um princípio masculino, fálico (3). O Homem comum possui 5 sentidos: visão, audição, paladar, olfato e tato. Há 5 dedos em cada mão. Na antiga astrologia havia 5 planetas errantes. A décima sephirah é Malkut e seu número místico é 55 (um duplo 5). O 5 é o número que divide o 10 de maneira perfeita, sendo o 10 o número do Ciclo Eterno. O 5 representa a Essência, o Espírito daquele que incorre nas quatro provas fundamentais do ocultismo: Querer, Saber, Ousar e Calar. O 5 é o facho luminoso que se desprende entre os 4 chifres da Divindade, coroando as 4 virtudes do Homem, a saber: Fé, Inteligência, Força e Sabedoria.
O 5 é o valor gemátrico da letra hebraica Heh, o recipiente e o reprodutor das formas.
As armas elementais são 5: a Espada (Ar), o Pentáculo (Terra), o Bastão (Fogo), o Cálice (Água/Sangue) e a Lâmpada (Espírito).
O pentagrama está entre os principais e mais conhecidos símbolos, pois possui diversas representações e significados, evoluindo ao longo da história. Passou de um símbolo cristão para a atual referência onipresente entre os neopagãos com vasta profundidade mágica.
Origens do Pentagrama
Num dos mais antigos significados do pentagrama, os Hebreus
designavam como a Verdade, para os cinco livros do Pentateuco (os cinco livros
do Velho Testamento, atribuídos a Moisés). Na Grécia Antiga, era conhecido como
Pentalpha, geometricamente composto de cinco As.
O pentagrama também é encontrado na cultura chinesa
representando o ciclo da destruição, que é a base filosófica de sua medicina
tradicional. Neste caso, cada extremidade do pentagrama simboliza um elemento
específico: Terra, Água, Fogo, Madeira e Metal. Cada elemento é gerado por
outro, (a Madeira é gerada pela Terra), o que dará origem a um ciclo de geração
ou criação. Para que exista equilíbrio é necessário um elemento inibidor, que
neste caso é o oposto (a Água inibe o Fogo).
A geometria do pentagrama e suas associações metafísicas
foram exploradas por Pitágoras e posteriormente por seus seguidores, que o
consideravam um emblema de perfeição. A geometria do pentagrama ficou conhecida
como A Proporção Divina, que ao longo da arte pós-helênica, pôde ser observada
nos projetos de alguns templos. Era um símbolo divino para os druidas. Para os
celtas, representava a deusa Morrighan (deusa ligada ao Amor e a Guerra). Para
os egípcios, era o útero da Terra, mantendo uma relação simbólica com as
pirâmides.
Os primeiros cristãos tinham o pentagrama como um símbolo
das cinco chagas de Cristo. Desse modo, visto como uma representação do
misticismo religioso e do trabalho do Criador. Também era usado como símbolo da
comemoração anual da visita dos três Reis Magos ao menino Jesus. Ainda, em
tempos medievais era usado como amuleto de proteção contra demônios.
Os Templários, uma ordem de monges formada durante as
Cruzadas, ganharam grande riqueza e proeminência através das doações de todos
aqueles que se juntavam à ordem; além de grandes tesouros trazidos da Terra
Santa. Na localização do centro da Ordem dos Templários, ao redor de Rennes du
Chatres, na França, é notável observar um pentagrama natural, quase perfeito,
formado pelas montanhas que medem vários quilômetros ao redor do centro. Ainda
é possível perceber, a profunda influência do símbolo, em algumas Igrejas Templárias
em Portugal, que possuem vitrais na forma de Pentagramas. No entanto, Os
Templários foram dizimados pela
mesquinhez da Igreja e pelo fanatismo religioso de Luis IX, em 1303. Iniciou-se
assim a Idade das Trevas, onde se queimavam, torturavam e excomungavam qualquer
um que se opusesse a Igreja. Durante esse longo tempo de Inquisição, a igreja
mergulhou no próprio diabolismo ao qual se opunha. Nessa época o pentagrama
simbolizou a cabeça de um bode ou do diabo, na forma de Baphomet, o mesmo que a
Igreja acusou os Templários de adorar. Assim sendo, o pentagrama passou de um
símbolo de segurança à representação do mal, sendo chamado de Pé da Bruxa.
Assim, a perseguição da Igreja fez as religiões antigas se ocultarem na
clandestinidade.
Ao fim da era das Trevas, as sociedades secretas começam
novamente a realizar seus estudos sem o medo paranóico das punições da Igreja.
Ressurge o Hermetismo, e outras ciências misturando filosofia e alquimia.
Floresce então, o simbolismo gráfico e geométrico, emergindo a Renascença numa era de luz e desenvolvimento.
O pentagrama agora, significa o Microcosmo, símbolo do Homem de Pitágoras
representado através de braços e pernas abertas, parecendo estar disposto em
cinco partes em forma de cruz (O Homem Individual). A mesma representação
simboliza também o Macrocosmo, o Homem Universal, um símbolo de ordem e
perfeição, a Verdade Divina. Agrippa (Henry Cornelius Von de Agrippa
Nettesheim), mostra proporcionalmente a mesma figura, colocando em sua volta os
cinco planetas e a Lua no ponto central (genitália) da figura humana. Outras
ilustrações do mesmo período foram feitas por Leonardo da Vinci, mostrando as
relações geométricas do Homem com o Universo.
Na Maçonaria, o Laço Infinito (como também era conhecido o
pentagrama, por ser traçado com uma mesma linha) era o emblema da virtude e do
dever. O homem microcósmico era associado ao Pentalpha (a estrela de cinco
pontas), sendo o símbolo entrelaçado ao trono do mestre da Loja.
O Pentagrama na Bruxaria
Na bruxaria, o pentagrama é um elemento essencial, assim
como a cruz é para os cristãos. Ele representa a fé e o homem dentro do
círculo, que é o mais alto símbolo da comunhão entre os deuses.
As pontas do pentagrama na bruxaria representam quatro elementos essenciais (terra, água, ar e fogo) mais o quinto, que simboliza o espírito (A Quinta Essência dos alquimistas e gnósticos).
PONTA 1 – ESPÍRITO: representa os criadores, a Deusa e o Deus que guiam a nossa vida e nos ajudam na realização dos ritos e trabalhos mágicos. O Deus e a Deusa são detentores dos quatro elementos e estes elementos são as outras quatro pontas.
PONTA 2 – TERRA: representa as forças telúricas e os poderes dos elementais da terra, que são os Gnomos. É a ponta que simboliza os mistérios, o lado invisível da vida, a força da fertilização e do crescimento.
PONTA 3 – AR: representa as forças aéreas e os poderes dos Silfos. Está relacionado à inteligência, ao poder do saber, a força da comunicação e da criatividade.
PONTA 4 – FOGO: representa a energia, a vontade e o poder das Salamandras. Está ligado às mudanças, às transformações. É a força da ativação e da agilidade.
PONTA 5 – ÁGUA: representa as forças aquáticas e aos poderes das Ondinas. Está ligada às emoções, ao entardecer, ao inconsciente. Corresponde às forças da mobilidade e adaptabilidade.
Qualquer bruxo que detenha um alto conhecimento sobre os
elementos do pentagrama e como utilizá-los terá domínio e poder sobre os
mesmos, e até outras magias.
Com Eliphas Levi (Alphonse Louis Constant), o pentagrama pela
primeira vez, através de uma ilustração, foi associado ao conceito do bem e do
mal. Ele ilustra o pentagrama microcósmico ao lado de um pentagrama invertido
(formando a cabeça do bode, Baphomet).
O pentagrama voltou a ser usado em rituais pagãos à partir
de 1940 com Gerald Gardner. Sendo utilizado nos rituais simbolizando os três
aspectos da deusa e os dois do deus, surgindo assim a nova religião Wicca.
Desse modo, o pentagrama retoma sua força como poderoso talismã, ajudado pelo
aumento do interesse popular pela bruxaria e Wicca, que à partir de 1960,
torna-se cada vez mais disseminada e conhecida. Essa ascensão da Wicca, gera
uma reação da Igreja da época, chegando ao extremo quando Anton LaVey adota o
pentagrama invertido (em alusão a Baphomet de Levi), como emblema da sua Igreja
de Satanás, e faz com que a Igreja Católica considere que o pentagrama
(invertido ou não) seja sinônimo de símbolo do Diabo, difundindo esse conceito
para os cristãos. Assim naquela época, os Wiccanos para se protegerem dos grupos
religiosos radicais, chegaram a se opor ao uso do pentagrama.
Até hoje o pentagrama é um símbolo que indica ocultismo,
proteção e perfeição. Independente do que tenha sido associado em seu passado,
ele se configura como um dos principais e mais utilizados símbolos mágicos da
cultura Universal.
O pentagrama na Umbanda
Assim como o hexagrama, o pentagrama adquire universalidade
simbólica na Umbanda. Como sabemos, as entidades que chegam nos terreiros
trazem consigo conhecimentos antigos. Espíritos que foram em outras vidas magos,
alquimistas, bruxos, monges, médicos, desenham o símbolo como ponto riscado e
os ativam conforme as iniciações magísticas que tiveram. O que para uma entidade pode ter uma lógica de atuação, para outra entidade pode ser algo diferente.
É comum vermos principalmente Pretos Velhos utilizando o pentagrama em suas consultas nos terreiros de Umbanda, representando
os cinco sentidos humanos (visão, audição, tato, cheiro e paladar), e os cinco
elementos da Terra (espírito, fogo, ar, água e terra).
Exus e Pombagiras também utilizam a estrela de 5 pontas, na maioria das
vezes invertida. A atuação magística se concretiza na absorção de todo o negativismo ligado aos 5 sentidos humano e os cinco
elementos da Terra.
No geral, a Umbanda e os umbandistas utilizam o pentagrama no dia a dia como símbolo que resume bem a filosofia da religião, logo que, trata dos cinco ciclos da vida, sendo eles o nascimento (início de tudo), infância
(momento de criação de bases), maturidade (comunhão com outras pessoas),
velhice (momento de reflexão e sabedoria) e morte (tempo do término para um
novo início). Pois a religião trata exatamente desses processos humanos que precisam
sempre de equilíbrio para uma vida plena e espiritualizada.
Referências.
MorteSubita.Inc
Deldebbio
Spectrum Gothic
We Mystic