O carnaval, para surpresa de muitos, é um fenômeno social anterior a era cristã. Assim como atualmente ela é uma tradição vivenciada em vários países, na antiguidade, o carnaval também era uma prática em várias civilizações. No Egito, na Grécia e em Roma, as pessoas das diversas classes sociais se reuniam em praça pública com máscaras e enfeites para desfilarem, beberem vinho, dançarem, cantarem e se entregarem as mais diversas brincadeiras.
Há estudiosos que defendem que estas celebrações, festas ou cultos, tiveram a sua origem na Grécia, entre os anos 605 e 527 a.C., com cultos a deuses da agricultura, e cuja finalidade era terem boas colheitas.
Outros, acham que se iniciou, muito mais cedo, no Egito, em homenagem à deusa Ísis e ao Touro Apis. Noutros registros, encontramos, na Pérsia, festas da deusa da Fecundidade Naita e de Mira, deus dos Pastores; na Fenícia, Festa da deusa da Fecundidade Astarteia; em Creta, festa da Grande Mãe, deusa protectora da terra e da fertilidade, representada por uma pomba; na Babilónia, as Sáceas, festas que duravam cinco dias e eram marcadas pela licença sexual e pela inversão dos papéis entre servos e senhores, e pela eleição de um escravo rei que era sacrificado no final da celebração.
Outros alvitram que poderá ter sido na Roma Antiga, em honra dos deuses Baco e Saturno. Vamos então encontrar o Carnaval associado às Bacanais ou Grandes Dionisíacas (festa da terra, do vinho e das florestas), efetuadas em Roma e na Grécia em louvor de Baco ou Dioniso (com a prova do vinho novo), que decorriam nos três meses de Inverno, celebradas, principalmente, pelos camponeses, que se apresentavam mascarados durante as festividades.
O Carnaval Pagão começa quando Pisistráto oficializa o culto a Dioniso na Grécia, no século VII a.C. e termina quando a Igreja adota, oficialmente, o carnaval em 590 d.C. Será que termina?
A única diferença entre o carnaval da antiguidade para o moderno é que, no primeiro, as pessoas participavam das festas mais conscientes de que estavam adorando aos deuses. O carnaval era uma prática religiosa ligada à fertilidade do solo. Era uma espécie de culto agrário em que os foliões comemoravam a boa colheita, o retorno da primavera e a benevolência dos deuses. No Egito, os rituais eram oferecidos ao deus Osíris, por ocasião do recuo das águas do rio Nilo. Na Grécia, Dionísio, deus do vinho e da loucura, era o centro de toda as homenagens, ao lado de Momo, deus da zombaria. Em Roma, várias entidades mitológicas eram adoradas a começar por Júpiter, deus da urgia, até Saturno e Baco.
A festa em louvor a Dioniso se desdobrava em quatro celebrações, em Atenas: as Dionísias Rurais, as Leneias, as Dionísias Urbanas ou Grandes Dionisias e as Antestérias, se estendendo de dezembro à março.
Estas festas que tiveram grande desenvolvimento no século VI a.C. acabaram por gerar o que se pode chamar “bagunça Dionisíaca”, por isso foram fortemente reprimidas no século V a.C., no auge do desenvolvimento artístico cultural da Grécia (governo de Péricles – 443 – 429 a.C.) quando a cidade foi embelezada por monumentos como Partenon espalhando seu brilho por todo Mediterrâneo.
O século V a.C. foi o grande período da Grécia Clássica. Entretanto a influência política e cultural somente atingiu seu esplendor no século IV quando Alexandre, o Grande, expandiu as conquistas gregas formando colônia em lugares afastados como o leste do Afeganistão e as fronteiras da Índia. É a chamada época Helenista. Nessa ocasião foi introduzida na Grécia o culto a Isis
Em 370 a.C., quando Atenas perde a hegemonia da arte já se pode sentir a penetração do culto a Dionísio em Roma.
As bacchantes, sacerdotisas que celebravam os mistérios do culto a Dionísio, nesse tempo mais conhecido como Baco (é com o nome de Baco que Dionísio entrou em Roma, daí alguns estudiosos afirmarem a origem italiana da palavra), ao invadirem as ruas de Roma, dançando, soltando gritos estridentes e atraindo adeptos em número crescente, causaram tais desordens e escândalos que o Senado Romano proibiu as Bacanais, em 186 a.C..
Na Roma antiga, o mais belo soldado era designado para representar o deus Momo no carnaval, ocasião em que era coroado rei. Durante os três dias da festividade, o soldado era tratado como a mais alta autoridade local, sendo o anfitrião de toda a orgia. Encerrada as comemorações, o “Rei Momo” era sacrificado no altar de Saturno. Posteriormente, passou-se a escolher o homem mais obeso da cidade, para servir de símbolo da fartura, do excesso e da extravagância.
Com a supremacia do cristianismo a partir do século IV de nossa era, várias tradições pagãs foram combatidas. No entanto, a adesão em massa de não-convertidos ao cristianismo, dificultou a repressão completa. A Igreja foi forçada a consentir com a prática de certos costumes pagãos, muitos dos quais, cristianizados para que se evitasse maiores transtornos. O carnaval acabou sendo permitido, o que serviu como “válvula de escape”, diante das exigências que eram impostas aos medievos no período da Quaresma.
Com o cristianismo, a Igreja Católica transformou alguns desses rituais pagãos em homenagens aos santos, conferindo-lhes um caráter sagrado de acordo com os princípios cristãos. Vários elementos das antigas festas pagãs, porém, foram preservados.
Na Quaresma, todos os cristãos eram convocados a penitências e à abstinência de carne por 40 dias, da quarta-feira de cinzas até as vésperas da páscoa. Para compensar esse período de suplício, a Igreja fez “vistas grossas” às três noites de carnaval. Na ocasião, os medievos aproveitavam para se esbaldar em comidas, festas, bebidas e prostituições, como na antiguidade.
Na Idade Média, o carnaval passou a ser chamado de “Festa dos Loucos”, pois o folião perdia completamente sua identidade cristã e se apegava aos costumes pagãos. Na “Festa dos Loucos”, tudo passava a ser permitido, todos os constrangimentos sociais e religiosos eram abolidos. Disfarçados com fantasias que preservavam o anonimato, os “cristãos não-convertidos” se entregavam a várias licenciosidades, que eram, geralmente, associadas à veneração aos deuses pagãos.
Etimologicamente falando, a origem da palavra "Carnaval" também tem várias versões. Uns acham que deriva de "carne vale" (adeus carne), enquanto outros justificam que se trata do início do período Quaresmal, época esta espiritual, de privação da carne na alimentação. E há ainda diversas outras interpretações.
O carnaval na Idade Média foi objeto de estudo de um dos maiores pensadores do século XX, o marxista russo Bakhtin. Em seu livro Cultura Popular na Idade Média e no Renascimento, Bakhtin observa que no carnaval medieval – “o mundo parecia ficar de cabeça para baixo”. Vivia-se uma vida ao contrário. Era um período em que a vida das pessoas tornava-se visivelmente ambígua, pois a vida oficial – religiosa, cristã, casta, disciplinada, reservada, etc. – amalgamava-se com a vida não-oficial – a pagã e libertina. O sagrado que regulamentava a vida das pessoas era profanado e as pessoas passavam a ver o mundo numa perspectiva carnavalesca, ou seja, liberada dos medos e das pressões religiosas.
Com a chegada da Idade Moderna, a “Festa dos Loucos” se espalhou pelo mundo afora, chegando ao Brasil, ao que tudo indica, no início do século XVII. Trazido pelos portugueses, o ENTRUDO – nome dado ao carnaval no Brasil – se transformaria na maior manifestação popular do mundo e por tabela, numa das maiores adorações aos deuses pagãos do planeta.
Quem disse que o Paganismo não existe mais?
Alguns anos após os descobrimentos, os Portugueses, levaram para o Brasil o festejo do Carnaval.
Nos dias de hoje, é decerto um dos países onde se comemora mais freneticamente esta festa, pelo impulso que deram com a introdução dos seus ritmos sambistas e africanos. E também pelo calor das gentes, pela mistura de raças e dos seus ritmos.
Na África, os rituais que sobressaíam eram e são, entre outros, a dança à volta de fogueiras e as pinturas (máscaras improvisadas) no rosto e corpo.
Cada país onde se celebra o Carnaval festeja-o de maneira diferente, dando o seu cunho próprio com a manifestação das suas tendências culturais.
A partir de 1545, o Carnaval é reconhecido como uma festa popular. Foram estabelecidas posteriormente, pelo Papa Gregório XIII, as datas desta comemoração; nunca poderia coincidir com o festejo da Páscoa Católica. De acordo com um cálculo baseado no equinócio da Primavera, o Carnaval deveria ser celebrado sempre no 7º domingo que antecede o domingo de Páscoa (Católica).
E assim, até aos dias de hoje, o Carnaval continua a ser comemorado um pouco por todo o mundo, seguramente por significar "alegria" mesclada com um sabor de "anarquia", em contraste com um quotidiano cada vez mais cinzento, previsível e desprovido de encanto.
Depois do Egipto, o primeiro, do segundo na Grécia e Roma Antigas e do terceiro, no Renascimento Europeu, particularmente em Veneza, o Carnaval encontra no Rio de Janeiro o seu quarto centro de excelência resgatando o espírito de Baco e Dionisius, segundo a tese de Hiram Araújo - estudioso do Carnaval e do samba - ao contar uma história que completa o seu sexto milênio e que acompanha a própria história da humanidade. A história do Carnaval, considerando os seus Centros de Excelência, está dividida em quatro períodos:
O Originário, (4.000 anos a.C. ao século VII a.C.),
O Pagão, (do século VII a.C. ao século VI d.C.),
O Cristão (do século VI d.C. ao século XVIII d.C.)
O Contemporâneo (do século XVIII d.C. ao século XX).
E mesmo sendo uma festa associada a adoração á deuses pagãos e libertinagem, infelizmente hoje no Brasil, milhares celebram esta festa.
fontes. passeiweb.com/saiba_mais/voce_sabia/origem_carnaval
marius.blogs.sapo.pt/arquivo/980759.html
porentremontesevales.blogspot.com/2008/01/vem-o-carnaval-2008.html
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