Zumbi dos Palmares era um líder, e o contexto de sua liderança fazia com que pessoas o seguissem respeitando a estrutura hierárquica da comunidade a qual esteve à frente. Ele era descendente de reis do Congo, isso tinha um peso simbólico e tanto na visão que seus seguidores carregavam a seu respeito.
Alguns pseudo historiadores como Leandro Narloch não contextualizam essas questões e tentam equiparar Zumbi a qualquer senhor de engenho escravagista da época, sem mostrar no entanto que os negros escravizados das fazendas não escolheram estar ali, eles não foram vencidos em batalha por uma civilização superior a sua, foram simplesmente vendidos como mercadorias e suas vidas eram reduzidas a ação produtiva, sem reconhecimento de cidadania ou dignidade.
Fugir para o quilombo não só era uma saída, como também era a esperança de dias melhores para toda uma etnia que estava submetida aos desmandos do capitalismo doentio e racista.
Já em Palmares o negro quis e optou por estar ali, quis sim participar, processo semelhante de um filho de santo num terreiro, que quando decide entrar precisa entender a importância de sua ajuda na limpeza e nas operações, enxergando naquilo um fim em si mesmo onde os mais antigos possuem cargos e funções das quais o iniciante demorará algum tempo para alcançar..
Em Palmares haviam hierarquias e regras como em qualquer comunidade; no contexto histórico da época não se pode esperar de Palmares uma comunidade avançada em sentidos pedagógicos amplos, pois aos negros era negado o acesso ao estudo, e isso é um grande ponto a se levar em conta, logo que reflete diretamente na estrutura e na rotina do quilombo que existiu sempre sob intensa perseguição dos brancos.
No que pese, Palmares se tornou símbolo de resistência justamente pelo fato de fazerem muito com o pouquíssimo que tinham em mãos perdurando enfim por mais de um século. Trata-se de uma problematização que muitos não estão abertos a fazer... Dizer que Zumbi teve escravos é o mesmo que dizer que filho de santo varre o chão do Ilê por mera obrigação do sacerdote, uma asneira...
Por: Pirro D'Obá
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