24 de nov. de 2018

Complexo de inferioridade constrói umbandistas fundamentalistas

O complexo de inferioridade se caracteriza pela manifestação muitas vezes de uma auto-imagem de grandeza de determinados indivíduos que esconde um profundo sentimento de impotência e fragilidade.

Muitos umbandistas se comportam assim, querem passar um ar de "super suficiência" da Umbanda que praticam que acabam por renegar tudo o que a liga aos umbandomblés e candomblés espalhados pelo país, e até aos xamanismos e as diversas religiosidades adormecidas no inconsciente coletivo dos seres humanos.

Não percebem que essa tal negação trata-se apenas de um aspecto psicológico limitante. É a busca inconsciente em achar uma zona de conforto, em categorizações, aspectos puramente deterministas. Isso é ruim pois foge da totalidade das coisas, e lidar com a totalidade requer justamente o desapego desses aspectos categóricos para que seja possível perceber as diversas nuances de um mesmo ato manifestado em locais sagrados aparentemente díspares mas que surgem de um mesmo Deus, uma mesma Deusa, um mesmo uno, ou seja, a fé.

Sempre me pareceram mais acessíveis e até poéticas as teorias que explicam a Umbanda através do reconhecimento de suas ligações históricas, teogônicas e ritualísticas com outras religiosidades. Assumir o Orixá do Candomblé sem medo, sem neurose em relação a "necessidade quase que infantil" em querer sempre dizer que na Umbanda é só energia e o no Candomblé é ancestral.

Qual a dificuldade em transitar e se ver livre para poder interpretar das duas formas? Qual a dificuldade em olhar para um Xango pela sua energia puramente natural e ao mesmo tempo vê-lo como um mito de um ser que lutou por justiça e pelo seu povo? As abordagens de negação que tentam nos forçar a escolher apenas uma lógica cognitiva sempre soam como um complexo, uma patologia de pessoas que mergulham na Umbanda de um jeito quase doentio tentando efetuar segregações disfarçadas de doutrinas. A Umbanda, como todas as religiões, não é auto-suficiente, e isso é natural, toda religião transita entre conhecimentos científicos e sabedorias teóricas de outros ramos e linhagens e não há nada de negativo nisso, na realidade é até lindo perceber essas bricolagens.

O axé está em tudo, inclusive nas diversidades religiosas que se expressam de forma plural nas "umbandas" tantas que temos espalhadas pelo país. Reconhecer esse aspecto social não nos faz menos umbandistas, nos faz até mais humanos...

Menos fundamentalismo na Umbanda por favor...


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