Ao estudar a mitologia dos Orixás, encontramos a história de
Logun Edé, um Orixá nascido a partir da relação amorosa entre Oxum e Oxóssi. É
uma linda história e que esconde um significado profundo se analisarmos de
perto, pois trata a respeito dos 3 estágios da espécie humana ao longo da
história.
Olha só...
Quando olhamos a figura dos três Orixás juntos, podemos
entender Oxum representando a força feminina que foi capaz de gerar e conceber
a vida dos seres humanos na Terra. Uma força sagrada que nos nutriu com as
primeiras centelhas divinas da evolução, força agregadora que nos deu o sentido
de união, de núcleo familiar nos primórdios da nossa espécie.
Podemos então ver Oxóssi representando o homem gerado a
partir desse cenário desenhado por Oxum, um homem que se experimenta, que
explora os frutos da terra, que caça, que expande seu território e que evoluirá
à medida que ganha novos conhecimentos ao longo das eras.
E por fim, vemos Logun Edé, representando a humanidade que
surgiu após as grandes superações e aprendizados da nossa espécie. Um menino,
capaz de amar incondicionalmente, e que tem uma potência racional gigantesca
capaz de superar o próprio pai. Mas que precisa sempre estar equilibrado entre
a razão e a emoção para não se perder e se frustrar nas armadilhas do orgulho e
da vaidade.
Ou seja, Logun Edé pode ser a síntese do ser humano do nosso
tempo, que mesmo nascido com as habilidades de Oxóssi e tendo um belo futuro
pela frente, ainda assim precisa da proteção de Oxum, o afago do amor materno.
É um Orixá que simboliza um apelo forte pela evolução através da reconexão com
a nossa ancestralidade.
Nós, seres humanos, mesmo herdando o dom da caça e da
expansão, precisamos acima de tudo ter um profundo respeito pela natureza, por
quem nos gerou, por quem nos criou; não entender essa dinâmica impede que
possamos vivenciar o terceiro estágio com plenitude.
Logun Edé é o equilíbrio entre as emoções de Oxum e a
racionalidade de Oxóssi, ele é o meio termo, uma força que nos ajuda a entender
o que há de masculino e feminino em nós. É a sabedoria que nos permite pensar e
sentir respeitando nossas próprias potências, nossos próprios limites, um
sentido para buscarmos ser melhores a medida que clareamos o nosso passado.
Essa tríade. Essa família tem muito a nos ensinar.
Por: Fernando Ribeiro (Pirro D'Obá)