26 de set. de 2017

Crianças na Umbanda (Erês) - Por: Rubens Saraceni

A Linha das Crianças, cujos membros baixam nos centros de Umbanda é de todas a mais misteriosa. Esses espíritos infantis nos surpreendem pela ternura, inocência, argúcia, carinho e amor que vibram quando baixam em seus médiuns. O arquétipo não foi fornecido pelo lado material da vida, pois uma criança com seus 7, 8 ou 9 anos de idade, por mais inteligente que seja, não está apta intelectualmente a orientar adultos atormentados por profundos desequilíbrios no espírito ou na vida material.

Arquétipo dos Erês na Umbanda


Quem forneceu o arquétipo foram os seres que denominamos “encantados da natureza”.
Não foi baseado em espíritos de crianças que desencarnaram que essa linha foi fundamentada e sim, nas crianças encantadas da natureza amparadas pelos orixás, que os acolhem em seus vastos reinos na em seu lado espiritual e os amparam até que cresçam e alcancem um novo estágio evolutivo, já como espíritos naturais.

Os espíritos que se manifestam na linha das crianças atendem pessoas e auxiliam-nas com seus passes,  suas magias elementais, tudo isso feito com alegria e simplicidade enquanto brincam com seus carrinhos, apitos, bonecas e outros brinquedos bem caracterizadores do seu arquétipo. Essa energia das crianças é tão forte que adultos encarnados sisudos se transfiguram e se tornam irreconhecíveis quando incorporam suas “crianças” ou Eres que é como são conhecidas as crianças nos terreiros de Umbanda.

A presença desses espíritos infantis é tão marcante que mudam o ambiente em pouco tempo, descontraindo todos os que estiverem à volta deles.

Todo arquétipo da Umbanda só é verdadeiro se for fundamentado em algo pré-existente. As religiões ancestrais da Umbanda tinham essa configuração de cultuar os ancestrais do solo que estavam. Então, O arquétipo “Caboclo” fundamentou-se nos indígenas brasileiros e nos sertanejos. O arquétipo “Preto-Velho” fundamentou-se no Preto ancião, rezador, mandingueiro e curador. E O arquétipo “Criança” fundamentou-se na inocência, na franqueza e na ingenuidade dos seres encantados ainda na primeira idade: a infantil.
E, caso não saibam, há dimensões inteiras habitadas por espíritos nesse estagio evolutivo, conhecido no lado oculto da vida como “estágio encantado”. Nessas dimensões da vida vivem eles e suas mães encantadas, todas elas devotadas à educação moral, consciencial e emocional, contendo seus excessos e direcionando-os à senda evolucionista natural, pois eles não serão enviados à dimensão humana para encarnarem.

A elas compete supri-los com o indispensável para que não entrem em depressão e caiam em regressão emocional, muito comum nessas dimensões.


O Reino encantado dos Erês 


Nelas há reinos encantados muito mais belos do que os “contos de fadas” que o imaginário popular foi capaz de descrever ou criar.

Cada reino tem uma Senhora, uma mãe encantada a regê-lo. E há toda uma hierarquia a auxiliá-la na manutenção do equilíbrio para que os milhares de espíritos infantis sob suas guardas não regridam, e sim, amadureçam lentamente até que possam ser conduzidos ao estágio evolutivo posterior. O arquétipo é forte e poderoso porque por trás dele estão as Mães Orixás, sustentando-o, e também estão os Pais Orixás, guardando-o e zelando pela integridade desses espíritos infantis.

A literatura existente sobre esse estágio se restringe a alguns livros que abordam o estágio encantado da evolução dos espíritos.

Mas que ninguém duvide da sua existência, porque ele realmente existe e não seriam “crianças” humanas recém-desencarnadas e que nada sabiam de magia ou de orixás que iriam realizar os prodígios que os “Erês” realizam em benefício dos frequentadores das suas sessões de trabalhos ou com as forças da natureza quando são oferendados em jardins, à beira-mar, nas cachoeiras ou em bosques frutíferos.

Há algo muito forte por trás do arquétipo e esse algo são os Orixás encantados, os regentes da evolução dos espíritos ainda na “primeira idade”.


Por: Rubens Saraceni
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