Como Justiça Divina é o fogo que purifica os sentimentos
desvirtuados, então surge uma divindade cósmica ígnea, que é em si mesma, o
Fogo da Purificação dos viciados e dos desequilibrados: "Oro Iná
(Egunitá)"! Ela é unigênita porque foi gerada nesta qualidade cósmica do
Divino Criador Olorum, e tanto a gera em si como gera de si.
Olorum tudo cria e a tudo gera. Na sua criação está sua estabilidade, e nos seres está sua mobilidade ou evolução incessante. Estabilidade e evolução, eis a sexta Irradiação Divina que está em tudo e todos, porque é uma qualidade do Divino Criador.
Olorum geral em si o fogo consumidor, que é uma de suas
qualidades, pois é cósmico, está espalhado por toda a sua criação e criaturas,
e onde surgir um desequilíbrio, o próprio magnetismo negativo do ser
desequilibrado já começa a atrair, condensar e acumular este fogo que, quando
atingir seu ponto de incandescência consumidora, o esgotará e o anulará.
Oro Iná (Egunitá) é, em si, esse fogo cósmico que está em
tudo o que existe, mas diluído. Para ela atuar em nossa vida, não depende de
nós, mas tão somente que nos tornemos "irracionais", aprisionados e
desequilibrados.
Então temos na Umbanda, Oro Iná, Orixá cósmica consumidora
dos vícios e dos desequilíbrios; purificadora dos meios ambientes religiosos
(templos), das casas (moradas) e do íntimo dos seres (sentimentos). Nos
rituais, ela é evocada para purificar os seres viciados, as magias negras, as
injustiças, etc.
Oro Iná (Egunitá) é muito mais conhecida como uma das qualidades
de Yansã do que como uma divindade do Fogo Cósmico, porque as lendas a
definiram como uma Yansã.
Nossa mãe Oro Iná (Egunitá) é fogo puro e suas irradiações
cósmicas absorvem o ar, pois seu magnetismo é negativo está atrai este
elemento, com o qual se energiza e se irradia até onde houver ar para lhe dar
esta sustentação energética e elemental.
Oro Iná é Orixá ígnea, de magnetismo negativo, seu fogo é
cósmico e consumidor, enquanto o de Xangô é universal e abrasador.
O fogo de Xangô aquece os seres e torna-os calorosos,
ajuizados e sensatos. O fogo de Oro Iná (Egunitá) consome as energias dos seres
apaixonados, emocionados, fanatizados ou desequilibrados, reduzindo a chama
interior de cada um (sua energia ígnea) a níveis baixíssimos, apatizando-os,
paralizando-os e anulando seus vícios emocionais e desequilíbrios mentais,
sufocando-os.
Como Oro Iná (fogo) é feminina, ela se polariza com Ogum
(ar), que é masculino e lhe dá a sustentação do elemento que precisa, mas de
forma ordenada e alcançam o objetivo que ela identificou.
Observem que a Lei e a Justiça são inseparáveis, e para
comentarmos Oro Iná (Egunitá) temos que envolver Ogum, Xangô e Yansã, que são
os outros 3 Orixás que também se polarizam e criam campos específicos de duas
das 7 Linhas de Umbanda.
Entendam que, se em uma linha, ar e fogo se polarizam para
aplicar a Lei (Ogum / Oro Iná) e, em outra, fogo e ar (Xangô / Yansã) se
polarizam para aplicar a Justiça, é porque tanto o fogo e o ar quanto a Justiça
e a Lei não são antagônicos, e sim complementares. O fogo, em verdade, não
consome ou anula o ar, mas tão somente o energiza com seu calor. E o ar não
apaga o fogo, mas apenas o expande ou o faz refluir.
A Justiça não anula a Lei, mas sim dota-a de recursos legais
(jurídicos) para que possa agir com mais desenvoltura. E a Lei não anula a
Justiça, mas sim dota-a com recursos para que se possa impor onde injustiças
estejam sendo cometidas.
[Texto extraído do livro: Doutrina e Teologia de Umbanda
Sagrada, pág 163/164]