Geralmente os homens se referem a Deus como do sexo
masculino, e muitas vezes dizem que essa ou aquela divindade é a representação
feminina de um Ser Supremo sem perceber que na verdade o nosso deus pode ser
uma representação masculina de uma Deusa. Tenha o Ser Supremo esse ou aquele
sexo, não esqueçamos que a força feminina sagrada sempre esteve entre nós, e é
essa mesma força que nos empurra em direção a vida na carne pelo ventre da mãe.
Na Umbanda o divino se manifesta também através das mães
orixás que são vibrações do Criador (ou Criadora) e por elas e seus ventres
sagrados vemos baixar nos terreiros as pretas velhas, as caboclas e ondinas,
baianas e boiadeiras, as ciganas e pomba giras. Sejam as Iabás chamadas de Oxum
ou Lakshimi, Nanã ou Pacha Mama, não faz diferença o que importa é que o útero
divino ainda se contrai parindo vida.
A generosidade do Sagrado é tão grande que no advento da
Umbanda percebe-se que o emissário divino e portador das preces e pedidos dos
filhos aos orixás era Exú, mas e a voz das mulheres, quem daria? É fato que
elas já se manifestavam aqui e ali nos terreiros do Brasil e chamadas de
Mestras, Sinhás, ou Sá Donas, as mensageiras do Sagrado Feminino dentro da
Umbanda orientavam as mães e mulheres, as chefes de famílias.
Algumas informações davam conta de entidades femininas em
terreiros de fazendas onde envolviam mulheres e eram chamadas Vanjiras, que nos
remete ao Nkisi Vangira (divindade que rege o ciclo menstrual) e mais tarde
essas mesmas manifestações passaram a ser chamadas de Pomba Giras, senhoras das
encruzilhadas.
Elas seguem educando, conduzindo, curando e despertando
homens e mulheres, jovens e idosos nas encruzilhadas da fé e da vida, são o
embalo carinhoso nos fazendo seduzidos pela vida, por nós mesmos, pela vontade
de crescer e ser feliz.
As encruzilhadas da vida são momentos divinos onde nosso
livre arbítrio é ativado, para que tenhamos sabedoria para optar por aquilo que
nos fará bem, e não por acaso rendemos oferendas a essas entidades femininas
nas encruzilhadas de T como dizemos, ou de três caminhos. Eles representam as
fases da vida da mulher, na sua infância, sua fase adulta e na maturidade muito
por isso são elas detentoras do bom senso que nos guia e nos orienta. Firmar
uma vela com fé a uma Iabá ou a qualquer entidade feminina, trabalhadora fiel
de Umbanda é um grito silencioso que parte de nosso cordão umbilical em direção
ao ventre e ao coração da Mãe, ou das mães.
Não importa qual foi o caminho tomado, sempre haverá um
gargalhada nos alertando, uma mão nos sustentando e um olhar a nos guardar, na
encruzilhada das crenças quem ganhou fomos todos nós, que pelos ventres fomos
gerados e por eles somos conduzidos até o Bem Maior, seja esse Bem o Pai ou
Mãe!
Por: Sid Soares