19 de abr. de 2017

A Face Feminina da Criação - Por Sid Soares


Geralmente os homens se referem a Deus como do sexo masculino, e muitas vezes dizem que essa ou aquela divindade é a representação feminina de um Ser Supremo sem perceber que na verdade o nosso deus pode ser uma representação masculina de uma Deusa. Tenha o Ser Supremo esse ou aquele sexo, não esqueçamos que a força feminina sagrada sempre esteve entre nós, e é essa mesma força que nos empurra em direção a vida na carne pelo ventre da mãe.


Na Umbanda o divino se manifesta também através das mães orixás que são vibrações do Criador (ou Criadora) e por elas e seus ventres sagrados vemos baixar nos terreiros as pretas velhas, as caboclas e ondinas, baianas e boiadeiras, as ciganas e pomba giras. Sejam as Iabás chamadas de Oxum ou Lakshimi, Nanã ou Pacha Mama, não faz diferença o que importa é que o útero divino ainda se contrai parindo vida.

A generosidade do Sagrado é tão grande que no advento da Umbanda percebe-se que o emissário divino e portador das preces e pedidos dos filhos aos orixás era Exú, mas e a voz das mulheres, quem daria? É fato que elas já se manifestavam aqui e ali nos terreiros do Brasil e chamadas de Mestras, Sinhás, ou Sá Donas, as mensageiras do Sagrado Feminino dentro da Umbanda orientavam as mães e mulheres, as chefes de famílias.

Algumas informações davam conta de entidades femininas em terreiros de fazendas onde envolviam mulheres e eram chamadas Vanjiras, que nos remete ao Nkisi Vangira (divindade que rege o ciclo menstrual) e mais tarde essas mesmas manifestações passaram a ser chamadas de Pomba Giras, senhoras das encruzilhadas.

Elas seguem educando, conduzindo, curando e despertando homens e mulheres, jovens e idosos nas encruzilhadas da fé e da vida, são o embalo carinhoso nos fazendo seduzidos pela vida, por nós mesmos, pela vontade de crescer e ser feliz.

As encruzilhadas da vida são momentos divinos onde nosso livre arbítrio é ativado, para que tenhamos sabedoria para optar por aquilo que nos fará bem, e não por acaso rendemos oferendas a essas entidades femininas nas encruzilhadas de T como dizemos, ou de três caminhos. Eles representam as fases da vida da mulher, na sua infância, sua fase adulta e na maturidade muito por isso são elas detentoras do bom senso que nos guia e nos orienta. Firmar uma vela com fé a uma Iabá ou a qualquer entidade feminina, trabalhadora fiel de Umbanda é um grito silencioso que parte de nosso cordão umbilical em direção ao ventre e ao coração da Mãe, ou das mães.

Não importa qual foi o caminho tomado, sempre haverá um gargalhada nos alertando, uma mão nos sustentando e um olhar a nos guardar, na encruzilhada das crenças quem ganhou fomos todos nós, que pelos ventres fomos gerados e por eles somos conduzidos até o Bem Maior, seja esse Bem o Pai ou Mãe!



Por: Sid Soares
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