Ossain, conhecido também por Ossonhe, Ossãe e Ossanha é o orixá das plantas e ervas tanto medicinais como litúrgicas.
É um orixá originário da região de Iraó, na Nigéria, muito próxima com a fronteira com o antigo Daomé. Não faz parte, como muitos pensam, do panteão Jeje assimilado pelos Nagô, como Nanã, Omolú, Oxumaré e Ewá. Ossain é um Orixá originário da etnia Iorubá. Contudo, é evidente que entre os Jeje havia um Deus responsável pelas folhas, e Ágüe é o seu nome, por isso Ossain dança bravun e sató, a exemplo dos deuses do antigo Daomé.
Orixá de extrema importância, uma vez que as plantas e a folhas são imprescindíveis nos rituais e obrigações de cabeça e assentamento de todos os Orixás através dos banhos feitos de ervas. O nome das plantas, a sua utilização e as palavras mágicas (ofó), cuja força desperta seus poderes, são os elementos mais secretos e importantes do ritual de culto aos deuses iorubás.
Ossain é uma divindade que juntamente com Oxóssi rege as florestas.
Seus conhecimentos sobre os mistérios das folhas se estendem sob o âmbito da utilização mágica e do uso medicinal, tornando-o um orixá da cura e da medicina, formando assim um par de oposto com Omulu, orixá das doenças.
Suas cores são o verde e o branco. Seu dia da semana é a quinta feira. Sua saudação é: Ewé ó! Seu símbolo é uma haste de ferro, tendo, na extremidade superior, um pássaro em ferro forjado; esta mesma haste é cercada por seis outras dirigidas em leque para o alto.
Conforme uma lenda de Ifá “o pássaro é a representação do poder de Ossain. É o seu mensageiro que vai a toda parte, volta e se empoleira sobre a cabeça de Ossain para lhe fazer o seu relato”. O simbolismo do pássaro é bem conhecido das feiticeiras, por esse motivo Ossain é considerado o grande feiticeiro. Aquele que por meio das folhas pode realizar curas e milagres, e trazer progresso e riqueza.
Orixá do sexo masculino, que como feiticeiro e estudioso das plantas, não possuía tempo para relacionamentos amorosos. Sabe-se que foi parceiro de Iansã, mas o controvertido relacionamento com Oxóssi, que ninguém pode afirmar se foi ou não amoroso, é o mais comentado.
Na verdade, Ossaim e Oxóssi possuem inúmeras afinidades: ambos são orixás do, da floresta, do mato, das folhas, são grandes feiticeiros e possuem ligação com as Iami Oxorongá.
Devido a sua relação com a medicina, Ossain se aproxima do grego Asclépio (ou Esculápio). Deus da Medicina. Enquanto feiticeiro, Ossain também pode ser associado ao trunfo do Tarot, O Mago. O Mago é aquele que conhece a manipulação dos elementos. É aquele que transforma um elemento em algo útil e curativo.
Em termos arquetípicos, O Mago é aquele que tem a capacidade de transformar a realidade, ele é capaz de fazer uma modificação da consciência. Ossain, pode ser considerado o representante do arquétipo do xamã, um misto de mago e curandeiro.
Em nossa vida prática, quando o xamã é constelado, podemos ter acesso a uma transformação psíquica, uma cura mágica de uma neurose ou de um conflito. Uma vez que o xamã tem a capacidade de entrar em um estado alterado de consciência. Ele vive em um limiar entre o ego e o inconsciente coletivo, sendo uma ponte entre o consciente e o inconsciente.
Além disso, começam acontecer uma série de acontecimentos sincrônicos. A vida está seguindo seu fluxo corretamente. Mas nem tudo são flores nesse arquétipo. E como todos os outros ele possui uma sombra, que deve ser reconhecida, reverenciada e compreendida.
O mago-curandeiro tem um poder maior que o rei, apesar de sua atuação ser discreta e menos evidente. Entretanto, ele é imprescindível, pois sem ele haveria muitas mortes. E esse poder gera um desejo de controlar e manipular os outros. A sua sombra, então, é justamente querer mudar o outro e manipulá-lo.
Quando aprendemos algo, ou temos uma experiência que muda as nossas vidas queremos que os outros nos sigam. E isso é um erro! Cada um tem a sua forma de viver que não está certa nem errada.
E a maior lição que Ossain nos deixa é que nosso mago, curandeiro interno deve ajudar cada um a descobrir seu próprio caminho e a entender a hora em que algo deve morrer ou ser curado. E isso só se aprende com muita sabedoria e paciência
Por: Hellen Reis Mourão