25 de set. de 2015

Umbanda em Tempos Líquidos

A sociedade contemporânea atrai-se facilmente por espetáculos sem que seja necessário que tais peças espetaculares tenham em si um sentido, um motivo. Vivemos a era do entretenimento.


Um sociólogo muito famoso (Zygmunt Bauman) cunha nossa era como a de "Tempos Líquidos", onde a insegurança dos afetos, dos valores se tornam fenômenos típicos de um tempo no qual a exclusão e a desintegração da solidariedade expõem o homem aos seus temores mais graves. Mostra como as cidades, que originalmente foram construídas para fornecer proteção ao cidadão, se tornaram um ambiente inseguro.


Em meio a tudo isso, onde tudo muda tão rapidamente, nada é feito para durar, para ser “sólido”, sendo assim as relações se tornaram "líquidas". Disso resultaram, entre outras questões, a obsessão pelo corpo ideal, o culto às celebridades, o endividamento geral, a paranóia com segurança e até a instabilidade dos relacionamentos amorosos. É um mundo de incertezas, do cada um por si. Onde nos encontramos cada vez mais aparelhados com iPhones, tablets, notebooks; tudo para disfarçar o antigo medo da solidão. 

O contato via rede social tomou o lugar de boa parte das pessoas, cuja marca principal é a ausência de comprometimento.

As relações terminam tão rápido quanto começam, as pessoas pensam terminar com um problema cortando seus vínculos, mas o que fazem mesmo é criar problemas em cima de problemas.

Bauman fala também sobre o amor próprio. Afirma que as pessoas precisam se sentir amadas, ouvidas, amparadas ou saber que sentem sua falta. Segundo ele, ser digno de amor é algo que só o outro pode nos classificar, o que fazemos é aceitar essa classificação. Mas com tantas incertezas, relações sem forma, líquidas, na qual o amor nos é negado, como teremos o tal do amor próprio? Os amores e as relações humanas de hoje encontram-se claramente instáveis e assim não temos certeza do que esperar. Relacionar-se é caminhar na neblina sem a certeza de nada.

Nossos ancestrais eram esperançosos: quando falavam de ‘progresso’, se referiam à perspectiva de cada dia ser melhor do que o anterior. Já nós, estamos assustados: ‘progresso’, para nós, significa uma constante ameaça de ser chutado para fora de um carro em aceleração e por isso buscamos quase que insanamente uma adaptação a altura daquilo que a sociedade espera de nós, deixando assim nossos interesses e desejos mais profundos em segundo plano... 

Socialmente falando, a Umbanda caracteriza-se justamente por nos religar aos ancestrais através de ritos e costumes, através dos auxílios caritativos, ofertas de palavras e conselhos confortáveis. Sua perspectiva de caridade acima de todas as coisas contrapõe-se justamente a esfera densa afetiva e moral a qual o mundo vive hoje. O abraço gratuito, o contato visual e o ouvido sempre atento são capazes de religar as pessoas a sensações e recordações há muito tempo esquecidas justamente pela cobrança do mundo de hoje. 

O julgamento errôneo que as outras religiões, o ateísmo e a ciência atribuem a Umbanda aparece justamente como um fenômeno consequente do grau de instabilidade que as pessoas vem enfrentando. Não é fácil. Afinal, todos precisam estar seguros de suas escolhas, e quando escolhem alimentar o ego com as perspectivas do alinhamento utilitário de seus potenciais intelectos para buscar o melhor emprego, os melhores amigos que ofereçam "status", as melhores marcas de roupas e mantimentos, tem-se então automaticamente a invalidação de posturas e afins que contradigam suas escolhas como é o caso da Umbanda, que definitivamente ultrapassou barreiras e tempos muito mais caóticos sem esmorecer por nenhum instante. 

O papel de nossa religião hoje parece cada vez mais o de encaminhar esses potenciais humanos intelectuais inseguros, tendentes ao julgamento ao invés de estudo, materialistas e medrosos (mas que não abrem mão do complexo de superioridade) para um campo vibratório que os reenquadrem em novas linhas de raciocínio, reflexão e criação para campos dos quais talvez nunca tenham adentrado antes em suas vidas; campos de melhor postura valorativa da existência. 

Em tempos líquidos, a Umbanda que tem Fundamento, através de seus exércitos mostra cada vez mais sua importância e sua solidez. Se os tempos estão difíceis, façamos o bem com simplicidade que o bem da complexidade humana virá!!! 

Saravá Umbanda!!!


Comentários
0 Comentários

Nenhum comentário:

Postar um comentário