Umbanda é uma religião puramente brasileira e tem sigo ramificada sob vários aspectos. Existe a umbanda astrológica, filosófica, analógica, numerológica, oculta, aberta, popular, iniciática, branca, esotérica, cabalística, sincrética…mineral, o cristal.
Independente da classificação, todas têm em sua origem os sagrados orixás que são os senhores regentes da natureza. Sendo assim, os orixás são encontrados nos números e nos astros, no esoterismo, na umbanda branca, na multicolorida (chamada de popular) e no sincretismo com os santos protestantes cristãos.
Os orixás adaptam-se às concepções humanas, moldando-se a elas e auxiliando a todos em suas evoluções. Os orixás são mistérios ou manifestações do Criador através de si mesmo: a natureza. As criaturas, inclusive nós humanos, retiramos tudo o que precisamos da natureza para viver e evoluir. Nela encontramos o ar, o fogo, a terra, a água, o Vegetal, o mineral, o cristal…
Estes sete elementos nos dão a ideia da origem dos orixás sagrados que geram o setenário sagrado, formando a coroa divina que rege o nosso planeta.
Criado por olorum (Deus), o setenário sagrado tem em sua essência os fundamentos das misteriosas “sete linhas de umbanda”.
Ao contrário do que muitos pensam as sete linhas de umbanda sagrada não são sete orixás.
Mas o que são então? São as sete irradiações de Deus, já há muito tempo conhecidas pela humanidade, ou não é Verdade que nos deparamos com a tradição dos “sete raios”, Veneração ao “setenário sagrado”, uso magístico das “sete chamas sagradas”, “sete cores do arco- íris, “sete chacras” etc. Cada um afinado em uma das sete Vibrações originais? Assim são as sete linhas de umbanda, são sete irradiações divinas que se projetam e recobrem todo o nosso planeta formando sete telas planetárias que estão em tudo e em todos os lugares ao mesmo tempo. Cada uma delas assume uma qualidade, uma essência e um elemento.
E o que Vemos é que cada orixá que tem também sua qualidade e seu elemento se assentam nestas sete linhas de umbanda de tal forma que, para cada linha temos dois orixás maiores, um masculino e um feminino a nos irradiar o tempo todo estas qualidades divinas onde:
PRIMEIRA LINHA: linha da fé (Cristalina)
Orixás regentes: No pólo positivo Oxalá com sua ação passiva e universal do “Crer” e no pólo negativo Oyá com sua ação irradiando todo o tempo o “Crer” para os seres em evolução.
Oxalá atua na religiosidade dos seres enviando-lhes vibrações estimuladoras da fé individual e irradiações geradoras de sentimentos de religiosidade, sendo o irradiador da fé em âmbito planetário e multidimensional.
Oyá atua no tempo cronológico, é a chave do mistério da fé. É na eternidade do tempo e na infinidade de Deus que todas as evoluções acontecem. Oyá forma um pólo energético oposto ao de Oxalá e ambos regem a linha da fé. A primeira das sete linhas de umbanda, que correspondem às sete irradiações divinas do nosso Criador.
SEGUNDA LINHA: Linha do Amor (Mineral)
Orixás regentes: No pólo positivo Oxum, com seu Amor universal; e no pólo negativo Oxumaré, irradiando renovação deste amor a todos em evolução.
Oxum atua na concepção da vida em todos os sentidos. Conquista riqueza espiritual e a abundância material, sendo regente do pólo magnético irradiante da linha do amor, da fraternidade e da união.
Oxumaré atua na renovação dos seres irradiando as cores que caracterizam as sete irradiações divinas e que dão origem às sete linhas de umbanda, onde ele atua como elemento renovador.
TERCEIRA LINHA: Linha do Conhecimento (Vegetal)
Orixás regentes: No pólo positivo Oxossi, com a expansão universal do conhecimento; e de todos os demais sentidos concentrados por Obá no pólo negativo.
Oxossi é Caçador por excelência, mas caça o conhecimento, é o cientista, o doutrinador que traz o alimento da fé e o saber aos espíritos fragilizados, tanto nos pólos da fé quanto do saber religioso.
Obá é o orixá que aquieta e densifica o racional dos seres, já que seu campo de atuação é o esgotamento dos conhecimentos desvirtuados. Sendo uma orixá telúrica, atua nos seres por meio do terceiro sentido da Vida, o conhecimento, desenvolve o raciocínio e a nossa capacidade de assimilação mental da realidade Visível / que influencia nossa evolução contínua.
QUARTA LINHA: Linha da Justiça (Fogo)
Orixás regentes: No pólo positivo Xangô, com o equilíbrio universal; e no pólo negativo Egunitá purificando conforme as ordenações de Ogum.
Xangô é o orixá da justiça e seu campo de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e equidade. O trono da justiça divina. Ao irradiar-se, cria a linha de força pontificada por Xangô e Egunitá (divindade natural cósmica do fogo divino)
Egunitá purifica os excessos emocionais dos seres desequilibrados, desvirtuados e viciados. O fogo puro e suas irradiações cósmicas absorvem o ar, pois seu magnetismo é negativo e atrai o elemento, com o qual energiza e irradia até onde houver ar para dar-lhe esta sustentação energética e Elemental.
QUINTA LINHA: Linha da Lei Divina (Ar)
Orixás regentes: No pólo positivo Ogum, com a ordenação universal do equilíbrio de Xangô; e no pólo negativo Iansã, direcionando a ação purificadora de Egunitá do que é ordenado por Ogum.
Ogum é o orixá da lei e seu campo de atuação é a linha divisória entre a razão e a emoção. Sinônimo da lei e ordem ele atua na ordenação dos processos e dos procedimentos. O trono da lei é eólico e, ao irradiar-se, cria a linha do ar Elemental com dois pólos magnéticos ocupados por orixás diferenciados em todos os pólos (Ex: Ogum de Lei [OGUM], Ogum Megê [Obaluaê], Ogum Marinho [Iemanjá], Ogum Matinata [Oxalá], Ogum Iara [Oxum], Ogum Rompe Mato [Oxossi], Ogum do Fogo [Xango]).
Iansã atua no emocional dos seres os esgotando e os redirecionando, abrindo-lhes novos campos por onde evoluirão de forma menos “emocional” tendo a possibilidade de melhores instruções.
SEXTA LINHA: Linha da Evolução (Terra)
Orixás regentes: No pólo positivo Obaluaê, transmutando os seres para a evolução em todos seus sentidos; e no pólo negativo Nanã Buruquê, decantando os seres que serão transmutados por Obaluaê.
Obaluaê sinaliza as passagens de um estágio da evolução para outro. É o regente do pólo magnético masculino da linha da evolução. O trono da evolução é um dos sete tronos essencias que formam a coroa divina regente do planeta. Sua projeção faz surgir, na umbanda, a linha da evolução.
Nanã é de natureza cósmica, pois seu campo de atuação é no emocional dos seres que, quando recebem suas irradiações, inquietam-se e têm suas evoluções paralisadas… E assim permanecem até que tenham passado por uma decantação completa de seus vícios e desequilíbrios mentais.
SÉTIMA LINHA: Linha da Geração (Água)
Orixás regentes: No pólo positivo Iemanjá, atuando na Geração universal dos seres e em todos seus sentidos; e no pólo negativo Omulú estabilizando-os para que sejam novamente Gerados por Iemanjá.
Iemanjá é o trono feminino da geração e seu campo de atuação está no amparo à maternidade. É a mãe da Vida, é a água que dá Vida, é quem rege sobre a geração e que simboliza a maternidade, o amparo materno, a mãe.
Omulú rege a morte ou o instante da passagem do plano material para o plano espiritual (desencarne). Não há razão para temer Omolú, pois ele guarda para Olorum todos os espíritos que fraquejaram durante a jornada carnal e entregaram-se a seus vícios emocionais. Ele não pune ou castiga ninguém, pois isso cabe a lei divina que também não pune ou castiga, apenas conduz cada um ao seu devido lugar após o desencarne.
Quem semeou ventos, colherá tempestades, mas amparado pela própria lei que o recolhe a um dos sete domínios negativos, todos regidos pelos orixás cósmicos.
E da mesma maneira que os nossos Orixás se assentam nestas Linhas, todas as outras divindades também, pois se Oxalá irradia a Fé, do mesmo modo também a irradia o Deus Apolo dos Gregos, o Deus Amomrá dos egípcios, o Khrishína dos hindus e de forma intermediária nosso Cristo Jesus ou Maytréa só para comentarmos esta linha de Umbanda.
“Tronos” são os nossos amados Orixás, divindades que manifestam as qualidades de Olorum. São as classes de divindades responsáveis por nossa evolução, assentam-se em um mistério de DEUS e a partir daí passam a manifestá-lo. (Por mistérios de Deus, entendamos as suas próprias qualidades divinas que a nós chegam através dos “Tronos de Deus” ou “Orixás”).
Podemos dizer que existe um Trono Cristalino masculino que se assenta na irradiação da fé e a partir daí irradia o mistério “Fé”.
Bem dizemos que ele se assenta e irradia o mistério porque este Trono é em si o próprio mistério manifestado (ou seja ele assume as qualidades do mistério onde se assenta). Desde que este mundo é mundo, o Trono da Fé existe e sempre vai existir. O que muda são as raças e a época, portanto as maneiras e os nomes pelo qual vem sendo adorado. Logo, por herança yorubá nós o conhecemos como OXALA, nosso amado Pai, assentado na primeira linha de Umbanda, a Linha da Fé ou Cristalina. Estes Tronos formam hierarquias divinas, através das quais eles estão ligados uns aos outros.
Por exemplo: Trono Cristalino possui sete Tronos intermediários (um para cada irradiação), ou seja Trono Cristalino da Fé, Trono Cristalino do Amor, Trono Cristalino do Conhecimento, da Justiça, da Lei, da Evolução e da Geração (como exemplo de Trono intermediário da Fé temos os Orixás Oxaguiã e Oxalufà tão cultuados no Candomblé).
O mesmo acontece com o Trono Cristalino Feminino (Mãe Oyá-Tempo) e com os outros seis pares de Tronos, todos com suas hierárquias formadas e assentadas respeitando esta mesma ordem onde todos juntos são “UM” em perfeita harmonia. São nestas irradiações e hierarquias que está o fundamento dos assentamentos individuais para nossos guias de direita.
Como exemplo clássico citaremos o assentamento de um caboclo *Pena Branca (pena: 1 elemento de Oxossi, branca = 4 cor de Oxalá, logo é um caboclo 4 de Oxossi trabalhando no campo da Fé) em que com certeza ele pedirá para tal elementos de Oxossi e Oxalá. Feito o assentamento, mediunicamente “nós” passamos a manifestar este mistério em prol daqueles que procurarem o Caboclo Pena Branca e o mesmo acontece com todas as entidades atuantes de Umbanda, assentadas à direita de seus médiuns.
À esquerda o processo se repete onde assentam os mistérios de Exu e Pomba Gira direcionados para seus campos de atuação.
Assim leitores amigos, esperamos levar dentro da Teologia de Umbanda Sagrada um volumoso conhecimento aberto a todos os interessados em entender tão maravilhosa religião de forma plena, com força para defende-la perante seus opressores e com suficiente conhecimento para multiplicá-la perante os seus.
Saravá Umbanda!!!
Por: Rubens Saraceni