Santo Antônio homenageado hoje é sim sincretizado com Exu, e me perguntaram como um santo católico, da ordem dos franciscanos poderia ser associado com uma divindade tão temida, o que eu via de Exu no santo católico e se eu achava isso algo bom. Vamos lá!
Boa leitura!!!
Boa leitura!!!
Santo Antonio na Bahia é sincretizado com Ogum o comandante dessa linha de trabalho tão importante, isso porque realizou o “milagre” da vitória portuguesa sobre as forças espanholas e francesas sendo assentado como praça pela infantaria de Portugal e chegado ao posto de Tenente-coronel. É o padroeiro das incursões militares.
Exú é força vitalizadora, é o tudo e o nada, é a ordem, e o caos e que me perdoem, mas ele foi muito diminuído para ser associado a um santo, enquanto muitos falam que ele é o próprio diabo, aquele que engana, trapaceia. Exú é aquela coragem pra vencer quando a vida vem e te desafia, é a certeza pequenina de que tudo vai dar certo quando a situação é desesperadora, é o riso que brota de repente quando não a motivo pra isso. Exú é quem levanta o véu, o revelador, o que traz a verdade!
Exú é vida!
Há alguns caminhos para entender essa ligação, Santo Antonio de Pádua foi chamado de Mensageiro do Evangelho e pregava por toda Itália e França levando consolo aos que sofriam e estes por sua vez pediam ao frei que intercedesse por eles junto ao Pai. Alimentava os pobres e ajudava mulheres com dotes e enxovais, e pregava a importância da família, daí o fato de ser considerado casamenteiro.
Mas não podemos esquecer-nos de um santo negro chamado Santo Antônio de Categeró, que também foi franciscano, nascido na África foi vendido como escravo pelo preço de dois cavalos e se converteu, indo trabalhar voluntariamente em um hospital tendo como função ser porteiro e ainda assim fazia mais que isso, curava, dava banho e alimentava os doentes. Após anos dedicados aos doentes o frade negro decide caminhar pelo deserto ajudando quem encontrasse no caminho. Alguma semelhança com o ponto “Exú no terreiro é rei, no gongá ele é doutor”?
Mas Antônio de Categeró era negro... Muito se perdeu de nossa história, se saber de onde viemos já era errado, era proibido, quanto mais preservar nossa fé, nossa história. Por isso se associou Exú o Mensageiro dos Orixás ao santo católico, que na Umbanda chamamos de Santo Antonio de Pemba, de Batalha ou Santo Antônio de Ouro Fino.
Se eu acho essa comparação válida, me perguntaram. Quem sou eu pra achar algo num país tão rico e miscigenado? Logo eu que tento professar uma fé agregadora. São apenas considerações minhas e referências religiosas distintas, mas que no decorrer de nossa história se entrelaçam. Somos todos nós brasileiros sincretizados. Sim! Quando os tumbeiros aportaram aqui trazendo negros de várias partes do continente africano através da diáspora e do convívio com índios e europeus surgiram as religiões afro brasileiras, Candomblé, Umbanda, Jurema entre outras.
Todas são sim religiões brasileiríssimas e negar as influências europeias ou nativas seria negar a própria identidade dos cultos. Sem o saber dos índios não teríamos nem a metade do conhecimento que temos hoje a respeito das ervas e não teríamos o culto a Jurema, o Terecô ou o Babaçuê por exemplo.
Celeiro de fé, nosso país transpira religiosidade, passando pelo Daime, Toré, Xambá e por aí vai. A Umbanda como tantas outras bebeu das fontes indígenas e europeias e somou ao saber africano tudo o que hoje é âncora para nossa fé!
Salve Santo Antônio! Laroyê Exú!
Por: Sid Soares
Adorei. parabéns!!
ResponderExcluirÓtimo!
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