22 de abr. de 2017

São Jorge, um dos santos mais populares do Rio, tem imagens espalhadas pela cidade


Em noites de lua cheia, há quem acredite ser possível ver São Jorge refletido no astro. Mas os cariocas não precisam ir tão longe para se deparar com a imagem do santo guerreiro. De igrejas católicas a terreiros, de oratórios erguidos no meio da rua ao cantinho de um botequim na Lapa. Símbolo maior do sincretismo religioso — São Jorge para os católicos, Ogum para os umbandistas —, o guerreiro é cultuado em cada esquina da cidade.


Em Oswaldo Cruz, a Praça Armando Fajardo passou a ser chamada de Praça de Jorge depois que um oratório foi construído no local e os bancos, pintados de vermelho e branco, em 2008.

— Minha mulher teve dengue e quase morreu. As plaquetas dela caíram abaixo do limite mínimo e o médico disse que só um milagre a salvaria. No desespero, prometi a São Jorge que construiria esse oratório e ainda faria, todo ano, uma feijoada e queima de fogos — diz Rafael Luís Moraes Matos, de 35 anos, que nunca descumpriu a promessa.

A menos de três quilômetros de distância dali, na Rua Maria Lopes, em Madureira, é impossível não ver o santo montado em um cavalo branco e matando um dragão em cima do muro do terreiro de Pai Adolfo. Na quadra da Império Serrano, da qual o guerreiro é padroeiro, há diversas imagens do santo. A relação da agremiação com São Jorge surgiu na comunidade da Serrinha, berço da escola de samba, mais precisamente no terreiro Tenda Espírita Cabana de Xangô. O local era a casa de Vovó Maria Joana, mãe de santo de Clara Nunes. Vovó Maria Joana foi a primeira baiana do Império Serrano e uma das fundadoras da escola.

No Méier, um oratório montado em uma esquina da Rua José Bonifácio reúne cerca de duas mil pessoas na festa de São Jorge, comemorada no dia 23 de abril. Um morador da região decidiu construiu o altar, que todos os dias recebe pedidos e flores de devotos. A chave do oratório fica sob a guarda de Marcelo Bandeira de Carvalho, de 44 anos, sendo 28 deles dedicados a uma barraquinha de churrasco naquela esquina.— São Jorge é tudo para mim. É o guerreiro que nos ajuda nos momentos de aperto. É ele quem me dá força todos os dias — diz Marcelo.

O santo é democrático. No Bar do Victor, no coração da Lapa, a imagem de São Jorge fica posicionado em cima do caixa, protegendo o estabelecimento. Num dos acessos a Santa Teresa, dá nome ao Hotel São Jorge. Mas a campeã de peregrinações em honra ao santo é a Igreja Matriz de São Jorge, em Quintino. Milhares de pessoas lotam o templo, todos os anos, para participar da festa, cuja programação começa na primeira hora do dia 23 e vara a noite. O motivo, os fiéis explicam: o santo é milagroso.

Fonte. Jornal Extra

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