A psicografia é a técnica utilizada pelos médiuns para que
estes escrevam um texto sob a influência de um espírito desencarnado,
utilizando para isso sua própria mão, o que deu origem à "psicografia
direta" ou "psicografia manual". De todas as formas de
comunicação, a escrita manual é a mais simples e a mais completa porque permite
estabelecer relações permanentes e regulares com os espíritos.
Quando alguém escreve um texto psicografado a mente
consciente busca as ideias no inconsciente, portanto, se está consciente o
tempo inteiro.
Existem quatro tipos de médiuns psicógrafos:
Mecânico: se caracteriza pelo fato de movimentar a mão,
escrevendo sob a influência direta do espírito, com uma impulsão completamente
independente da sua vontade, que avança sem interrupção enquanto o espírito
tiver alguma coisa a dizer. O médium fica totalmente passivo. No Brasil,
destaca-se o trabalho de Francisco Cândido Xavier, em Uberaba, MG.
Intuitivo: o médium intuitivo age como um intérprete para
transmitir o pensamento do espírito; por isso, precisa compreendê-lo, a fim de
traduzi-lo fielmente. Esse pensamento, não é dele, mas passa através do seu
cérebro. É exatamente esse o papel do médium intuitivo.
Semi-mecânico: o médium sente a mão impulsionada, sem que
esta seja sua vontade, mas ao mesmo tempo tem consciência do que escreve, à
medida que as palavras se formam. O pensamento aparece antes ou após da
escrita. Também pode ocorrer ao mesmo tempo. Estes médiuns são os mais
numerosos.
Inspirado: é o tipo de médium que recebe mensagens em estado
de êxtase, comunicações mentais estranhas às suas ideias e o que os caracteriza
é, sobretudo a espontaneidade e o caráter rico de informações como uma
sinfonia, um livro, sem que seja músico ou escritor.
Quem pode ser médium psicógrafo?
Não há nenhum meio de diagnosticarmos a faculdade mediúnica
a não ser através do treino. A melhor maneira de sabermos se uma pessoa tem ou
não capacidade para escrever sob a influência dos espíritos é submetê-la à experiência.
Antes, porém, de iniciarmos alguém no exercício da
psicografia ou de qualquer outra mediunidade, convém que o médium estude a
doutrina espírita e as noções fundamentais acerca do que é o espiritismo.
Para dar início ao trabalho de psicografia basta que se tome
um lápis e se coloque na posição de escrever e que seja desenvolvido com
tranquilidade. Essas atividades mediúnicas devem ter uma regularidade, pois de
outro modo não haverá o processo de aprendizado.
O codificador Allan Kardec atentou a algumas recomendações
para quem está iniciando:
- A prece de abertura deve ser feita em nome de Deus e dos
bons espíritos desta forma: "Rogo a Deus todo poderoso permitir a um bom
espírito vir a comunicar-se transmitindo seus pensamentos. Rogo também a meu
anjo guardião que me assista e que afastem de mim os espíritos mal
intencionados". Você saberá a hora de terminar. Deite o lápis e agradeça a
Deus por esta oportunidade de comunicação.
- A ponta do lápis deve manter-se apoiada no papel, sem
oferecer resistência aos movimentos; não tenha nada em sua mão (anel, pulseira
etc., que ofereça obstáculo ao seu movimento). Para a escrita mediúnica é
indiferente que se use caneta ou lápis.
- O treinamento deve ser realizado diariamente. (Se não for
possível, uma ou duas vezes na semana.)
Em algum momento, um espírito deve se manifestar. Nos
médiuns intuitivos, surgem ideias que devem ser passadas para o papel com
facilidade. Nos semimecânicos, observa-se alguns pequenos movimentos
involuntários da mão acompanhados ou não das ideias a serem transcritas. Com o
tempo, aparecerão escritos mais consistentes que poderão ser analisados de
acordo com o bom senso. Há casos em que o espírito desenha rabiscos sem sentido
ou escrevem palavras sem qualquer significado, porém, tais coisas costumam
cessar com o desenvolvimento progressivo da faculdade.
Inicialmente, formule perguntas ao espírito; elas devem ser
feitas de forma simples para que ele possa respondê-las com um “sim” ou “não”.
É importante que as perguntas sejam objetivas. Com o tempo, as respostas serão
mais completas. Porém, sugere-se que esta prática seja feita depois de certo
tempo de treino, com cautela para que não seja uma porta aberta aos espíritos
brincalhões. (Nada de perguntas: vou voltar com meu namorado? Ou: conseguirei
pagar minhas dívidas?)
A reunião mediúnica de psicografia deverá ter o recolhimento
necessário, atendendo todas as normas para o exercício. O desenvolvimento em
grupo é muito mais rápido do que o individual. Isso acontece porque a corrente
magnética formada pelo grupo oferece aos espíritos comunicantes uma grande
variedade de elementos, apropriados ao sucesso do intento. Geralmente entre 10
pessoas, três conseguem um resultado satisfatório.
O texto é escrito como uma espécie de redação sobre um
assunto que o espírito julga útil. O conteúdo dos trabalhos deverá ser
examinado e revisado mais tarde por uma pessoa que estuda o espiritismo.
A ortografia deverá ser corrigida, de modo que fique
inteligível, cuidando-se, no entanto, para que não sejam modificados os
pensamentos do espírito.
É necessário entender que na primeira fase dos exercícios,
os espíritos comunicantes são de uma ordem menos elevada. Portanto, não se deve
pedir a eles que dêem qualquer tipo de informação que não esteja ao seu
alcance. Todo espírito que nas comunicações de iniciantes se apresente com nome
venerado é de origem suspeita. O capítulo XVII de O Livro dos Médiuns deverá
ser estudado minuciosamente para se evitar o domínio dos maus espíritos nas
sessões de iniciação.
Também é importante observar que apenas 30% dos médiuns são
psicógrafos. Os espíritos levarão em conta a boa disposição do médium em
servir, aliada à sua condição de moralidade, dedicação, sinceridade, humildade,
altruísmo e acima de tudo amor ao trabalho de Jesus. Aliado a isso, o médium,
se possível, deve ter uma vida regrada na disciplina, evitando consumir em
excesso bebidas alcoólicas, alimentar-se de modo saudável, ter uma vida sexual
de acordo com a moral vigente da sociedade em que vive e evitar usar um
vocabulário com palavras chulas.
Observações de Kardec
1) O médium tem consciência do que escreve e, a princípio, é
levado naturalmente a duvidar da sua faculdade pois não sabe se a escrita é
dele ou do espírito que se comunica. Mas deve prosseguir com seus escritos e,
com o tempo, ganhará confiança e sua mediunidade triunfará.
2) Nas primeiras sessões, quando o médium hesitar frente a
um pensamento, deverá escrevê-lo. Há situações em que é desnecessário saber se
o pensamento é do médium ou do espírito. Desde que produza boas obras, que é o
que importa, deve sempre agradecer para que lhe surja outras ideias.
3) É aconselhável que o médium não abuse da sua mediunidade
(até 2 horas por dia). Que use disciplina no seu trabalho e que seja sustentado
pela ação no serviço ao próximo, pelo estudo, pela meditação e por preces
constantes. A psicografia, assim como outras formas de prática mediúnica, deve
ser utilizada somente em momentos oportunos e nunca por simples curiosidade ou
interesse particular. O entusiasmo que toma conta de alguns novatos pode
levá-los a ficar sob a influência de espíritos mistificadores.
4) É conveniente que o médium ou a equipe de médiuns tenham
dias e horários específicos para realizar seus trabalhos mediúnicos. Isso
facilitará aos espíritos as melhores disposições para as manifestações.
5) As mensagens destinadas ao grupo ou que sejam de
interesse geral devem ser divulgadas para que os ensinamentos dos espíritos
tornem-se conhecidos. Os bons espíritos costumam se afastar dos médiuns que não
revelam as lições por eles transmitidas e os deixam entregues a entidades
mistificadoras.
Muito bom estudar, assim poder entender o mundo espiritual. ..Sempre buscando a oração como a melhor orientação.
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