10 de out. de 2015

Umbanda e Capoeira









Sei que você que acabou de ler o título, se perguntou: o que tem a ver uma coisa com outra? Ou então: “o que esse branquelo pode falar sobre isso?” Pois é, mas vou explicar, afinal sou umbandista e capoeirista. Só que, o que importa se sou branco? No Brasil? Quem pode dizer quem é branco, negro, índio, se essa é a mistura de raças que nos tornou o que somos hoje? Pois sim.. Sem mais delongas, vamos às explicações.


Quem é umbandista de fato e direito, sabe o porquê dos negros virem para o nosso país. Não que os livros de história estejam errados, mas há algo mais profundo que eles não contam, por desconhecerem os reais motivos para tal empreitada.

Pois bem, como os negros já aportados (?) no Brasil, em meio à escravidão, maus tratos, enfim, “surgiu” a capoeira. Digo “ surgiu”, pois não se sabe com precisão sua verdadeira origem, mas que foi um ponto crucial para que os negros criassem resistência, fugissem e formassem os quilombos.


Ouviu - se falar em capoeira nas invasões holandesas, e a própria guarda imperial era formada por capoeiristas, inclusive o monarca, D. Pedro I, a praticava.

“A palavra capoeira vem de origem tupi Caápu - êra, e quer dizer “mato ralo” ou “mato cortado”. Aonde justamente os negros se escondiam e emboscavam seus perseguidores.

Aonde eles se encontravam nisso tudo? Pois bem, com a vinda dos negros, trouxeram consigo o culto aos Orixás, mas com suas diversificações, afinal, era de lugares distintos e os cultuavam de forma diferente, mas não entremos nesse mérito, afinal, não é o nosso objetivo.

Com o advento da Umbanda, por meio do Caboclo Sete Encruzilhadas, foi designado que a Umbanda estaria de braços abertos que quisessem dela fazer parte em prol da caridade. E quem veio fazer parte dela? Os espíritos dos antigos escravos, denominados pretos velhos, que vêm na linha de Yorimá. Sim, os mesmos escravos que eram capoeiristas, que conheceram a verdadeira raiz desse jogo.

Entendeu agora porque se completam? Bom, segundo um Preto Velho muito meu amigo: “a capoeira além de luta e arte, é a manifestação da própria espiritualidade. Você entra na roda e consegue sentir a magia, interagir com o astral de nossa ancestralidade, se ligar no todo poderoso e estar na presença dos espíritos. É dançar com a própria manifestação real do mundo espiritual”. Há uma definição de um mestre de capoeira que diz: “O verdadeiro capoeirista não é aquele que joga com o corpo, e sim, que deixa o corpo ser movimentado pela alma”.

Partindo dessa linha de raciocínio, digo que a capoeira deve ser jogada com amor de pai Oxalá, com a força de Ogum, com a certeza da flecha de Oxossi, com a justiça de Xangô, com a alegria e brincadeira de Yori, leve e solto como as ondas do mar de Yemanjá, doce como as águas de Oxum, com a garra de Yansã, e com a sabedoria de Nanã.

É assim que as duas se completam; na arte, na filosofia, na cultura, na musicalidade, e claro, nos mistérios. Como disse um velho mestre: “Capoeira, mandinga de escravo com ânsia de liberdade. Teu princípio não tem método, seu fim é inconcebível ao mais sábio dos mestres”.

Assim como é a Umbanda, tem começo, meio, mas não tem fim. E eu, como Umbandista e Capoeirista, sei muito bem disso.
Axé á todos

Iê, salve a capoeira!!!
Salve todos os Pretos – Velhos!!!
Salve a Umbanda!!!


Por: CCT Jorge Cristiano / Contra-Mestre Jiraya
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