11 de out. de 2015

Mistérios de Pemba


A Pemba é com certeza o objeto mais familiar na Umbanda. Não existe Umbanda sem pemba!

A ritualística da Umbanda emprega a Pemba nas mais diversas finalidades: ela cruza o gongá, cruza o terreiro, as firmezas da porteira, cruza as guias de Umbanda (fios de contas), Cruza a Coroa dos médiuns, cruza os atabaques, as imagens, o corpo dos médiuns, risca o ponto sagrado da entidade, é assoprada para imantar o terreiro, é ralada nos amacis, é colocada na coroa dos médiuns quando se iniciando recebem a mão de pemba... as sete Pembas (verde, amarela, rosa, vermelha, azul, branca e marrom). Este é um dos mistérios que envolvem consagração de iniciação na Umbanda.

A Pemba na África


A Pemba é originária dos rituais Bantu (Congo e angola), e sempre que reverenciada há uma reza para ela, em toda saída de Muzenza (iyawo) e quando se fazia necessário se reza para a pemba. Pois MPEMBA É UM NKISI (Deus - Divindade na Angola) correspondente ao espírito Santo ou Orunmila, que não incorpora.


O Ke mpembê pá
Sine manakualê
Mpembê pá

O giz sagrado
Risca a Harmonia
O giz sagrado


Nas tribos de Bacongo e Congos, é usada sob todos os pretextos:


  • Quando é declarada a guerra os chefes esfregam o corpo todo com Pemba para vencer os inimigos;
  • Por ocasião dos casamentos, os noivos são esfregados pelos padrinhos com a Pemba para que sejam felizes;
  • O negociante que quer conseguir um bom negócio esfrega um pouco de Pemba nas mãos;
  • Em questões de amor então, é bem grande a influência da Pemba, usando-a as jovens como se fosse o pó de arroz, porque dizem trazer felicidade no amor e atrair aquele a quem se deseja.(1)



Cruzamento Sagrado com Pemba


Um pedaço de terra é somente terra, até que a sua negatividade seja tocado pela pemba. Daí se faz a LUZ! É como se tudo estivesse em trevas, e a pemba risca seu símbolo sagrado como luz, um holoforte sobre as trevas, não para baní-las mas para equilibrar!

O que não foi tocado pela luz permanece em trevas!

E neste caso o símbolo da consagração dos espíritos de luz na Umbanda, a linha crística, o sol, é a pemba!


A sua coroa vinha cansada pelo mundo até receber água, frutas, essências, e Pemba a (consagração).

A pemba na coroa faz analogia direta ao tradicional "só dá aquilo que se tem" onde aquele que recebeu as Sete Pembas de Umbanda, uma de cada linha espiritual, pode dar a consagração das mesmas, aquele que não as recebeu também não pode dar o que não tem!


As cantigas de Pemba são fundamentos que se fazem necessários. Ainda se vê terreiros que não salvam a Pemba. Há terreiros que a entregam na mão dos médiuns e guias como se fosse bala de coco ou bananada!


Seguindo o contexto sobre fundamentos que aprendi com os meus mais velhos e hoje me sinto no mínimo competente para divulgar os fundamentos que todo mundo já deveria saber...


Quando for se utilizar da pemba publicamente todos precisam ouvir a saudação:



  • SALVE PEMBA!
  • Ê PEMBA!
  • ZAMBURÊ PEMBA!


Esta saudação é a abertura de portas astrais para entidades ligadas a Lei de Umbanda que trabalham na consagração através da Pemba (Entidades no nível de Oxalá - Senhor da Pemba na Umbanda, Lemba, Kitembo e Pemba na Angola, Obatalá e Orunmilá na cultura Ioruba.). 


Obs: Não estou comparando este ou aquele orisa / nkisi, estou sim fazendo analogia ao respeito que se deve ter).



A Lenda de Pemba


MiPemba era o nome de uma gentil filha do Soba Li-u-Thab. Poderoso dono de grande região e exercendo a sua autoridade sobre um grande número de tribos. Mipemba estava destinada a ser conservada virgem para ser oferecida às divindades da tribo, acontece porém que um audaz jovem estrangeiro, conseguiu penetrar nos sertões da África, e enamorou-se perdidamente de MiPemba, que por sua vez, correspondeu fervorosamente a este amor e durante algum tempo gozaram as delícias que estão reservadas aos que se amam.



Porém, não há bem que sempre dure, e o Soba poderoso foi sabedor deste amor e então, numa noite de Luar mandou degolar o jovem estrangeiro e também que lançassem o seu corpo no Rio Sagrado U SIL, para que os crocodilos o devorassem.



Não se pode descrever o desespero de MiPemba, que como prova da sua dor esfregava todas as manhãs o seu corpo e rosto com o pó extraído dos Montes Brancos Kabanda e à noite, para que seu pai não soubesse dessa sua demonstração de pesar pela morte de seu amante, lavava-se nas margens do rio divino. Assim fez durante algum tempo, porém, um dia as pessoas de sua tribo que sabiam desta paixão e que assistiam ao seu banho, viram com assombro que ela se elevava no espaço ficando em seu lugar uma grande quantidade de massa branca lembrando um tubo.


Apavorados, correram a contar ao Soba o que viram, e este, desesperado quis mandar degolar todos, porém, como eles tinham passado o pó deixado por ela no rio, nas suas mãos e corpo, notaram que a cólera do Soba se esvaía tornando-se bom, e não castigando os seus servos.



Começou a correr a fama das qualidades milagrosas da massa deixada por MiPemba e, com o nome simples de Pemba, esta atravessou muitas gerações, chegando até aos nossos dias, prestando grandes benefícios àqueles que dela se têm utilizado.



Lenda do Nkisi Kitembu e Nkinsi Pemba


Houve uma época em que as diembu bantu (tribos bantu) sofriam com a morte, principalmente de crianças e as mulheres com hemorragia não conseguiam parir.

O Sobá (rei) então procurou o Nganga ia Ngombo (adivinho) e sugeriu que fizesse uma consulta através do minenge ia ngombo (cesto da adivinhação), para saber o motivo daquele sofrimento. Nganga então obteve a resposta, as tribos bantu estavam sendo atacadas por Mgungula(espíritos trevosos) e que deveriam prestar culto ao Nkisi Kitembu (Nkisi da vida e da evolução), para que a vida voltasse ao seu ciclo natural.



O Sobá imediatamente reuniu todas as tribos bantu e fizeram grande oferenda ao Nkisi Kitembu e da terra brotou um pó branco "PEMBA" que até hoje podemos ver em barrancos. 

PEMBA é o espírito do grande pai de todas as tribos bantu "Nkulu a Lunga" e esfregaram ao corpo aquele pó branco ficando livre de qualquer maldade. Assim, o povo bantu cresceu por toda a África e em homenagem ao Nkisi Kitembu levantaram um mastro bem alto com uma bandeira branca na ponta simbolizando "PEMBA" que quando balança com o vento, mostra a direção que o povo bantu deve seguir para não ter sofrimento.

Kitembu é simbolizado por uma grelha (suplício, sofrimento), uma escada (crescimento, evolução) uma seta que aponta o duilo (fazendo uma ligação entre o céu e a terra), um ancinho, instrumento agrícola próprio para juntar palhas (restos do suplício humano) e cabaça (masculino e feminino, como conta a criação). 



Consagração da Pemba - Encantamentos


Os elementos místicos que podem ser somados com a pemba são: Pemba branca, Fava divina ralada, Fava de vida, Fava de sorte, Fava de saúde, Dandá da costa ralada, Pó de sândalo, Essência de Mirra, entre outros elementos... 


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