Por: Fernando Ribeiro (Pirro D'Obá)
A Umbanda é poética. A princípio o caminho de entrada são os cânticos, a alegria, a gratuidade do carinho e do conforto psicológico. Só depois o Umbandista começa a perceber o contexto e a complexidade da qual sua religião faz parte.
Dentro do terreiro o indivíduo se descobre. O sedentário se movimenta, dança; o calado expõe ideias, gesticula; o traumatizado se solta de suas dores... Simples assim. Nunca se sai o mesmo quando se é tocado pela religião de Umbanda.
No dia a dia, na rotina do trabalho, dos estudos, do lar... Cantarolamos os pontos, lembramos da natureza, de uma cachoeira, das ondas do mar, da pedreira. Nos vem a mente o poder de cura de Obaluaê, as lágrimas daquele que com dificuldades encontra o êxtase no culto e no atendimento espiritual e caritativo.
Umbanda é poesia pois ela nega a escuridão, ela revela que aquilo que as pessoas comuns chamam de inferno, nós Umbandistas cunhamos de caminhos evolutivos de cada ser em sua vibração, em seu plano energético, lapidação íntima e concretização de Carmas.
Ela rima nossas alegrias com a benevolência praticada, ela nos envolve no frenêsi da fé que acredita, do amor que agrega, da cultura que ilumina, do equilíbrio que entende e aceita, no movimento que muda e altera, na evolução que lapida nosso íntimo, e no poder de criação dos homens, do planeta e do universo.
A Umbanda é a revolução sem armas, é palavra, a flor e o caminho. É um lindo passarinho que de gota em gota alimenta seu ninho...