19 de set. de 2015

Evolução na Umbanda

Por: Fernando Ribeiro (Pirro D'Obá)

Uma das maiores preocupações dos sacerdotes umbandistas hoje em dia é tentar mostrar para aquele novo médium que chega ao terreiro que a mediunidade e o processo de incorporação não são prioridades dentro da religião.


Existem muitas outras coisas que precisam ser olhadas e vivenciadas.

Ou seja, é muito comum que as pessoas cheguem nos terreiros a princípio como consulentes, sentindo uma vibração gostosa e diferente [.axé.] que as tocam, as emocionam, as inspiram. Porém, o êxtase que essa vibração causa ainda não encontra-se doutrinada e canalizada, por falta dos rituais de iniciação, firmezas, de acesso aos conhecimentos místicos e ocultos que intermediam todo o trabalho [.gira.]; e a falta de tais elementos ritualísticos e teóricos faz com que seja difícil do consulente discernir de maneira ampla as muitas variantes dentro daquilo que ele está experimentando ao pisar no chão umbandista.

A Umbanda acolhe, ela cuida, ela fornece subsídios para que a mediunidade e a sensibilidade dos recém chegados sejam encaminhadas da maneira mais sensata possível dentro dos labirintos da evolução. Assim, os sacerdotes buscam frear nos novos umbandistas o êxtase e a empolgação em troca de sensatez filosófica, evolução espiritual e crescimento humanista.

No passado muitas pessoas entraram na umbanda e logo saíram, justamente por não terem tido a paciência necessária para esperar e entender que antes da incorporação, do atendimento, dos pontos riscados e das outras tantas operações envolvendo processos vibracionais e espirituais ativos, é necessário [.por parte de quem se pretende a praticar a caridade.] um entendimento amplo a respeito do contexto que envolve a religião dentro da sociedade.

Fatores históricos, sociais, teológicos e principalmente psicológicos são necessários para que o recém chegado absorva perspectivas de que a Umbanda é uma visão de mundo que acima de tudo reconhece na natureza a essência capaz de contribuir para elevação espiritual, moral e intelectual frente a existência carnal que levamos.

Muito embora saibamos que nossa religião contribua para nosso crescimento contínuo como ser humano, quando chegamos nela temos pressa, ficamos ansiosos; é normal. O problema é que por querer acelerar o processo, o novo médium de umbanda acaba [.por falta de referências diversificadas.] se apegando a arquétipos de outros irmãos mais antigos de terreiro. Ou seja, o novo médium antes de ter um bom discernimento sobre como se procede as divisões espirituais como “corpos astrais, corpos períspiritos, corpos físicos, funcionalismos dos chacras, entre outros processos”, inicia um comportamento pró ativo que busca nas condutas dos outros irmãos uma maneira de repetir coisas que nem sempre estão em convergência aos seus perfis dentro da corrente.

Cada médium é único, mesmo que os pretos velhos, exus, boiadeiros, baianos, ciganos, erês, marinheiros, ou caboclos de todos se pareçam, não necessariamente terão as mesmas mensagens e os mesmos trejeitos.

No processo evolutivo de quem se propõe a trabalhar no atendimento caritativo, se faz necessário uma entrega maior para com as energias emanadas pelas falanges e entidades do que tentar usar tais energias de maneira simples, já enquadrando uma determinada entidade ao êxtase que se sente numa gira em meio aos cânticos e batucadas das curimbas.

Dessa forma, antes de se curvar como preto velho, porque não senti-lo? Deixar que sua energia se achegue, se condense, se misture, que eleve seu padrão vibratório, que forneça antes de tudo respostas a você e seus dilemas, suas limitações, suas imperfeições. Deixar que a vibração de uma determinada entidade mostre caminhos para alcançar equilíbrio, onde possa meditar e sair realmente do corpo, viajando por locais nunca antes aventurados. Sim!!! Deixar com que os orixás e suas energias lhe transcenda, lhe vincule ainda mais perto dos planos cósmicos e universais, perto de Olorum e todo seu poder criativo... Sim!!!! Antes de se enquadrar uma entidade, porque não se enquadrar primeiro?

É isso que os sacerdotes buscam nos novos filhos. Tomar conta do novo médium para que não atropelem processos, pois ele sabe que cada entidade ao se achegar acaba por utilizar o que de melhor o médium tem e carrega dentro de si. Ou seja, se você estuda, se você vai atrás de informação, se você busca meditar, se procura não carregar rancores e intrigas, sua entidade vai conseguir ao longo do tempo se adequar e passar mensagens e auxiliar quem procura ajuda no terreiro de maneira mais leve, tocando o coração das pessoas.

Quando não seguimos essas diretrizes e acabamos não nos lapidando como deveríamos, as entidades muitas vezes nem aparecem; mas o médium estará tão fascinado com o axé da casa e com as vibrações ali presentes, que acabará por fim achando que está incorporado, quando na verdade poderá estar imitando [.através da inocência e falta de experiência.] os arquétipos de outros irmãos, indicando as mesmas ervas para tratamento, riscando pontos semelhantes, dizendo coisas que já ouviu antes quando ainda era consulente.

É necessário ter paciência. É necessário que saibamos que quanto mais nos elevamos e tentamos parecer em nosso dia a a dia com nossas entidades em seus sentidos espirituais (serenidade, contemplação, reflexão), mais frutos colheremos na evolução dentro da religião de Umbanda. Logo que ao fazer isso não precisaremos estar incorporados para resolver problemas que com a mente elevada e consciente dos atos e das consequências se tornarão mais resolutivos.

Parecer com nossas entidades apenas no momento de transe e alteração do estado de consciência, enquanto que em nosso cotidiano continuamos estagnados, não ajuda nem a nós e nem a quem procura nossa ajuda. Acabamos por prejudicar todos os envolvidos por simples pressa.

Por isso, quando um irmão mais experiente, ou um sacerdote que dirige uma casa chegar para você e dizer que é necessário ler tal livro, ou que é necessário mudar tal hábito, ou que é necessário largar tal vício, ou que é necessário entender que acima da incorporação existem outras prioridades dentro do terreiro, irmão!!!! Leve numa boa!!!! Saiba que isso é um sinal claro de que quem lhe deu esse conselho está realmente preocupado com você. Pois quando alguém não se preocupa e te deixa na mão, não te ajuda, não aconselha, logo você fica perdido repetindo erros básicos que teoricamente com boa fé e força de pensamento podem ser sanados com extrema facilidade.

Se alguém dentro da Umbanda faz questão de te dar a mão, um puxãozinho de orelha, uma sugestão de melhores caminhos a percorrer, tenha certeza que é para o seu bem e para o bem da nossa religião que precisa sempre se lapidar, logo que somos seres em constantes estágios de evolução.

Um conselho de um sacerdote, irmão, colega, amigo, conhecido ou seja lá de quem for, muitas vezes pode ser a forma que Olorum encontrou de mostrar pra ti coisas que sozinho você demoraria anos para entender.

Bora evoluir juntos!!!!! Saravá Umbanda, Saravá nossos irmãos de fé!!! Saravá ao conhecimento de nossas doutrinas!!!!



Um comentário:

  1. ótimo artigo irmão!!!!!!!!!! Parabéns pelo site, está show. Estou lendo tudo aqui e quero mais!!! haha

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