18 de set. de 2015

A Origem dos Patuás

Quem não pode com mandinga não carrega patuá
Em algum momento ouvimos a expressão: “Quem não pode com mandinga, não carrega patuá”... Mas o que seria "mandinga"? O que seria "patuá"??

... Os Mandingas eram grupos de africanos do norte que, que pela proximidade com os árabes acabaram se tornando muçulmanos, religiosos que tem muitas restrições aos que não aceitam Alá como Deus ou Maomé como o seu profeta.

Com o crescimento do tráfico de escravos, vários negros Mandingas vieram parar no continente americano, vítimas da ambição dos brancos. Muitos desses escravos sabiam ler e escrever em árabe.

Esse estado superior de cultura fez com que fossem rotulados como feiticeiros, passando a expressão "mandinga” remeter a atos de magia e feitiço.

Por outro lado, os negros e descendentes vindos do continente africano que praticavam o culto aos Orixás eram vistos como infiéis pelos negros muçulmanos. Os senhores brancos, aproveitando-se dessa espécie de rivalidade e confiando aos mandingas funções superiores em relação as atribuídas aos demais, fazia a animosidade entre eles crescer ainda mais em terras brasileiras.

Os mandingas não eram obrigados pelos senhores brancos a comer restos de carne de porco (tipo de comida servida aos escravos comuns, e que viria posteriormente ser chamada de “feijoada”), e até mesmo permitiam que eles usassem trechos do Alcorão guardados em pequenos invólucros de pele de animais pendurados ao pescoço.

Constantemente eram os negros mandingas que acabavam ocupando o lugar de caçadores de escravos fugitivos, recebendo a denominação de “Capitães do Mato”.

Quando um escravo pretendia fugir da senzala, além de se preparar para lutar sem armas através da capoeira e do maculelê, passava a usar o cabelo encarapinhado e pendurava ao pescoço um “patuá”, de modo que pensassem se tratar de um negro Mandinga, para não ser perseguido. Entretanto, se um verdadeiro Mandinga o abordasse e o escravo não soubesse responder em Árabe, o verdadeiro “Capitão do Mato” descarregaria toda a sua violência nesse infeliz negro fugitivo. 

Assim nasceu a expressão “Quem não pode com mandinga não carrega patuá”. A vingança a quem se atrevesse a portar um falso objeto sagrado pelo muçulmano era algo muito terrível. 

Com o passar do tempo o hábito de utilizar patuás entre os negros foi se generalizando, pois eles acreditavam que o poder dos mandingas era devido, em grande parte, aos poderes do patuá. 

Por outro lado, os padres também utilizavam, e ainda utilizam, crucifixos e medalhas, agnus dei, etc., que depois de benzidos, a maioria das pessoas acredita ter o poder de trazer proteção aos devotos nelas representados. 

Na verdade, o uso de tal tipo de talismã perde-se na longa noite do tempo e confunde-se com a própria história do gênero humano. 

Nos primeiros candomblés da Bahia era comum o pedido de patuás por parte dos simpatizantes e até mesmo por aqueles que temiam o culto afro, pois se dizia que o patuá poderia até mesmo neutralizar trabalhos de magia negra. 


Mas afinal, o que é um patuá? 

O patuá se apresenta como objeto consagrado que traz em si o “axé”, a força mágica do Orixá, do santo católico ou guia de luz, a quem ele é consagrado nas mais variáveis vertentes de matrizes afro no Brasil. 

Entre os católicos já era hábito utilizar um objeto ou fragmento que houvesse pertencido a um santo ou a um papa, até mesmo fragmentos de ossos de um mártir ou lascas de uma suposta cruz que teria sido a da crucificação de Jesus. Até mesmo terra, que era trazida pelos cruzados que voltavam da Terra Santa e que a utilizavam nesses relicários, considerados poderosos amuletos, e que deveriam atrair bons fluidos e proteger dos infortúnios. Estes eram chamados de relicários. 

O nome relicário é originário do latim: “relicare” = “religar”, que acabou formando a palavra “relíquia”. 

Logo o clero percebeu que não poderia impedir o uso dos patuás pelos negros, que os tiravam antes de entrar na igreja, mas voltavam a usá-los ao afastar-se dela. Decidiram, então, substituir os patuás africanos, que traziam trechos do Alcorão, por outros tipos que traziam orações católicas, medalhas sagradas, etc. 

Com a formação dos primeiros templos de Umbanda e a possibilidade de um contato mais direto com diversas entidades espirituais, as pessoas que buscavam proteção começaram a encontrar nesses objetos sagrados um apoio (era algo material que continha a força mágica vibratória sempre consigo). 

A partir de então, as entidades passaram a orientar sua elaboração, indicando quais objetos seriam incluídos na confecção do patuá e como se deveria proceder com eles para que recebessem o seu axé, ou seja, a força mágica. 

Na verdade, a procura do patuá ou talismã é feita principalmente por quem se sente muitas vezes “inseguro” e consequentemente necessitado de maior proteção. 

Os componentes mais utilizados para a confecção dos patuás em vertentes são os seguintes: figas de guiné, cavalos marinhos, olho de lobo, estrelas de Salomão, estrelas da guia, cruz de caravaca, couro de lobo, pêlo de lobo, Santo Antonio de Guiné, imagens de Exu e Pomba-Gira, pontos diversos, pimentas, orações, sementes variadas, imãs, dentes de cavalo, etc. 

Vale a pena uma pesquisa profunda sobre seus mais variados símbolos e significados diversos.
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