25 de abr. de 2018

Deus, Profetas e Capitães



No livro de Jonas, profeta do antigo testamento, vemos a história de um homem escolhido por Deus que rejeita a missão de levar a palavra divina aos irmãos de uma outra nação, Nínive, cidade da Assíria. 

Seja por preconceito ou por saber que nessa outra nação encontram-se práticas brutais de tortura, Jonas foge da missão dada por Deus, embarca em um navio que partiria no sentido contrário de sua missão e em alto mar vivencia uma das piores situações de sua vida. Durante uma terrível tempestade ele é jogado no oceano quando os tripulantes descobrem que a causa de o navio estar quase afundando é a revolta de Deus para com Jonas. 


Jonas cai no mar e é engolido por um grande peixe. Dentro do estômago do grande peixe ele ora, depois de três dias e três noites ele acorda na beira da praia, e parte para cumprir a promessa de levar a palavra de Deus a cidade de Nínive, a missão que havia rejeitado agora é cumprida com maestria. 

É uma das passagens mais curtas da bíblia, porém uma das mais marcantes por conter ensinamentos diversos. Fala a princípio de buscarmos uma real conexão com os planos de Deus. 

Jonas, um profeta, um escolhido, rejeita os planos de Deus. Para muitos teólogos ele assim o faz por temer a reação dos ninivitas. Teme a morte, teme sofrer algum ataque por pregar o Deus hebreu. Mas no ventre do grande peixe ele percebe que o Senhor nunca o abandonaria, e que se Ele fez o impossível para o salvar no fundo do mar, encarar a partir de então os ninivitas seria algo não tão ruim assim. 

Para estudiosos, a embarcação, o mar, o grande peixe, tratam-se de fatores simbólicos que manifestam as profundezas da psique humana. Jonas precisou mergulhar em suas percepções e preconceitos, questionar suas convicções e se deparar com a imensidão da presença divina. 

Diante da loucura ele sentiu a presença de Deus e acabou por se converter de verdade naquilo que antes ele apenas acreditava. Antes era um profeta orgulhoso ou medroso, acreditava em suas próprias formas de enxergar sua missão, mas precisou que Deus o colocasse em uma situação desconfortável para que descobrisse que ele não foi escolhido pelo seu orgulho, nem pela sua vaidade, ele foi escolhido por Deus para revelar a graça divina a outras pessoas. Ele enfim entendeu que verdadeira missão é estar e aceitar os planos de Deus. 

Uma outra mensagem embutida nessa passagem está ligada ao próprio capitão da embarcação que não percebeu Jonas adentrando o barco. Ele, um homem com a responsabilidade de transportar pessoas e mercadorias ao outro lado do oceano, deveria ter critérios mais consistentes no momento de permitir que pessoas adentrassem a embarcação. 

O fato é que todos nós em algum momento da vida passamos pela mesma situação de Jonas, seja na adolescência, na idade adulta, na velhice. Em algum ponto nós nos colocamos a frente de Deus seja por orgulho, medo, preconceito, vaidade. E se nos lembrarmos veremos que quando agimos assim acabamos por influenciar negativamente a vida de outras pessoas também. 

Numa crise de fé ou distanciados de Deus somos capazes de magoar parentes, amigos, colegas. Por escolhermos ir pelo outro lado da missão que nos foi dada, nos vemos implantando o caos na nossa vida e consequentemente na vida das outras pessoas. 

Deus tem um tempo para cada um, e mesmo que sejamos caridosos é necessário evitarmos viver provações que não são nossas a priori. 

A lição que nos é passada em relação ao capitão do barco é essa. Quantos Jonas permitimos entrar em nossas vidas? Quantas pessoas que estão passando por provações junto a Deus acabamos deixando embarcar em nossos navios, em nossas casas, em nossas rotinas. 

O navio quase afundou, todos os tripulantes poderiam ter morrido se o capitão não tivesse descoberto que o responsável era Jonas. Mas as vezes pode ser tarde demais, podemos descobrir o Jonas de nossa vida muito tarde, e quando já naufragados veremos as consequências de não termos tido zelo para com quem deixamos fazer parte das nossas vidas. 

Essa passagem bíblica é rica pois nela Jonas aprende e se converte diante da missão dada por Deus, que é amar o próximo acima de todas as coisas. E também o capitão da embarcação aprende que mesmo amando ao próximo acima de todas as coisas, devemos primar pela nossa integridade e integridade daqueles que somos responsáveis, nossos tripulantes, nossas mercadorias. 

Deus tem uma missão para cada um, seja você o profeta ou o capitão. O importante é ter zelo para sua relação com Deus e com aquilo que é importante na sua vida; e sempre se perguntar: "eu realmente estou onde Deus quer que eu esteja? Eu estou ao lado de pessoas que Deus realmente quer que eu esteja?"


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