Nesses pouco mais de 100 anos de nossa amada Umbanda tivemos
variações tremendas de cenários que contextualizaram o perfil dos umbandistas em
cada década em que viveram. Ser umbandista (temos de concordar) não foi uma coisa
fácil, principalmente antigamente onde os casos de intolerância muitas vezes não
vinham a público, não tínhamos as ferramentas tecnológicas de comunicação que
temos hoje, e nem o tanto de conteúdo em livros e plataformas como atualmente. Era extremamente difícil lidar com o preconceito, mas mesmo assim,
tivemos ancestrais que nos legaram essa religião linda e que hoje podemos
desfrutar de todo o seu esplendor teológico, ritualístico e principalmente
intelectual.
Existe um frescor na Umbanda contemporânea. Os umbandistas
se sentem mais a vontade para afirmar sua religiosidade diante da sociedade, e
os casos de preconceitos surgem nas mídias e isso faz com que os intolerantes nos olhem mais ressabiados antes de terem atitudes radicais diante das consequências
judiciais que poderão sofrer.
Nesse novo cenário social, vale a gente destacar 3 tipos de umbandistas da
atualidade. São 3 perfis que com certeza você conhece e com certeza você pode estar enquadrado. Vale analisarmos para verificar em quais pontos podemos nos corrigir e achar um equilíbrio propício tanto para nós quanto a Umbanda de uma maneira geral.
O primeiro é o "umbandista pró ativo"
Esse umbandista tem como ponto forte a busca intensa por
conhecimento, seja da própria religião umbandista ou de assuntos gerais da humanidade. Ele está
sempre em busca de aprimoramento de suas faculdades intelectuais, e não mede
esforços para que cada vez mais saiba a respeito de determinados assuntos que
compõem a sua realidade. Está sempre lendo um livro novo, está sempre fazendo
um curso novo.
O ponto negativo que esse perfil costuma ter é: Não entender
muitas vezes que junto com o conhecimento, também é necessário termos
sabedoria. Pois não adianta nada termos sapiência sobre determinados assuntos, mas
em contrapartida não possuirmos o tato adequado para utilizá-lo. A sabedoria
nos dá a oportunidade de sermos mais analíticos a respeito de determinadas situações,
onde podemos ponderar de acordo com as conjunturas a necessidade ou não de
aplicarmos nosso conhecimento. Sem sabedoria o conhecimento pode cair nas garras
do orgulho, da arrogância, da vaidade. Porém, quando unimos conhecimento e
sabedoria, podemos ir muito longe, nos tornamos agentes equilibradores de
qualquer contexto social que nos envolve.
Para esse primeiro perfil, um equilíbrio entre sua vontade de
conhecimento com o conhecimento adquirido, mais a obtenção de sabedoria para
lidar com tudo que o envolve é enfim o horizonte a ser alcançado. Muitos já
alcançaram esse equilíbrio, e são os expoentes dentro dos terreiros e das
tendas umbandistas.
O segundo é o "umbandista procrastinador"
Ou seja, é o umbandista que está vendo a Umbanda passando
por agudas transformações, onde os terreiros estão mais propensos ao ensino e que os conteúdos
de conhecimento estão disponíveis em diversas plataformas. Porém, não é capaz
de colocar o conhecimento da religião como prioridade em sua vida. Sabe claramente
que precisa estudar, mas deixa o estudo para depois, para amanhã, para semana
que vem.
O ponto positivo desse perfil é que existe um potencial muito grande
para realizar grandes coisas tanto para si, quanto para a Umbanda, bastando
apenas uma reavaliação de sua lista de prioridades. Já o ponto negativo se
encontra no fator desagregador, onde irmãos que procuram conhecimento não
poderão contar com ele para o aprendizado de questões pragmáticas da religião
umbandista, causando até falta de prestígio, algo que mexerá muito com sua autoestima.
Para esse perfil o equilíbrio está em priorizar o que realmente
é importante. Se hoje sua família e seu trabalho são importantes, uma reavaliação
poderá acrescentar o fator "conhecimento" nesse leque, o que o ajudará a trazer benefícios
psicológicos e sociais de sua vivência na Umbanda.
O terceiro é o "umbandista descomprometido"
Esse perfil se destaca pela sua alienação perante a história
da religião e pelo fato de não entender que o conhecimento se faz necessário na
sociedade globalizada que vivemos hoje. Vê o ensino e a propagação da cultura
umbandista como uma coisa negativa, acha que tudo isso deve estar restrito aos
terreiros de um modo geral, sem perceber que a complexidade do mundo exige de
nós um entendimento maior sobre nossa religião frente a sociedade.
O ponto positivo desse
perfil é que a qualquer momento poderá perceber seu papel dentro da religião e
começar a buscar um novo tipo de identidade e atitude agregadora, o que causará
um impacto positivo em nossa realidade religiosa. O ponto negativo
é o fundamentalismo, pois como bem sabemos, a ausência de conhecimento e
comprometimento traz à tona o radicalismo como postura, o que gera conflitos,
rompimentos e diversas situações negativas que vemos acontecer muitas vezes
tanto nas redes sociais como em terreiros de um modo geral.
Para esse perfil o equilíbrio se encontra em um "despertar" urgente. Desperto, esse perfil poderá revolucionar sua vida da noite pro dia
com o tanto de conteúdo que temos disponível e que até hoje ele não foi capaz
de consultar.
E aí? Estamos em algum desses estágios?
Então, "bora" buscar o equilíbrio?
Axe irmãos!!!