No momento em que o homem percebe-se finito diante da infinitude do tempo é que ele pode tomar consciência do quão complexo, ambivalente e subjetivo é existir. Bifurcações e decisões; coragens ou covardias; ações ou acídias. Cada passo do homem comunga a cada segundo do tempo.
E ele [.o tempo.] pode ser algumas vezes injusto, um amigo mudo, cordato, contingente, que nada diz e que observa atentamente nossos tombos e conquistas. Ora pressionando, ora fazendo carícias; sádico, sarcástico, irônico... A sua ação e influência na existência do ser humano pode ser de grande valia, pode lhe empurrar ou lhe estacionar, te libertar ou afundar em letargia.
É impossível desvincular-se dessa relação. Pois mesmo quando você não o nota [.ou finge não o notar.] ele segue agindo minuciosamente, armando uma forma de aparecer de surpresa para mostrar que quem está [.e sempre esteve.] no controle é ele, nunca nós.
E na batida de seu relógio, o pedantismo do homem se apresenta como a ilusão mais infantil que se pode ter. Acreditar que se pode jogar com o tempo [.barganhar ou enganá-lo.] é uma pretenciosa forma que desde os primórdios arranjamos de nos colocar como condutores da realidade, quando que na verdade é ele [.o tempo.] quem nos conduz, nos afeta, nos envelhece.
Entre as razões e as emoções da “psiquê” o tempo é alheio, apenas um símbolo ou uma representação, pois é no âmbito puramente físico, químico e biológico que ele se mostra de uma maneira concreta assombrando as predisposições humanas. Pensar o contrário disso pode não passar de um mero devaneio morfológico, pedantismo científico ou conjectura metafísica.