30 de out. de 2016

História das 7 Linhas de Umbanda

Cantamos e ouvimos falar muito sobre as 7 linhas da umbanda, mas poucas pessoas compreendem e conhecem a origem histórica das sete linhas da umbanda. 

Sabemos que a Umbanda, como um culto organizado, começou em Niterói/RJ no início do século XX, tendo como data oficial da primeira reunião o dia 16 de Novembro de 1908.


Todos os documentos históricos indicam que o jovem Zélio de Moraes foi o responsável pelo início da umbanda. Zélio fundou a primeira Tenda de Umbanda do Brasil, a Tenda Espírita Nossa Senhora da Piedade e as primeiras sete Tendas de Umbanda que teriam a responsabilidade de divulgar e ampliar a religião em solo brasileiro; criou o primeiro jornal de Umbanda, a primeira Federação de Umbanda e também foi um dos organizadores do primeiro congresso de umbanda realizado em 1941. Em sua vida teve oportunidade de divulgar a Umbanda de norte a sul do nosso país.

A origem da Umbanda com Zélio de Moares, não é somente um mito, um “achismo”, como alguns afirmam, mas fruto de pesquisa de muitos estudiosos, escritores, pesquisadores e umbandistas sérios. 
Sabemos que a Umbanda teve seu inicio em 1908, mas e as 7linhas da Umbanda? Elas sempre existiram?

Quem elaborou as sete linhas da Umbanda, foram os Orixás, os espíritos, os dirigentes umbandistas, os escritores? Qual foi a primeira apresentação (codificação) das 7 linhas da Umbanda?
Quais as visões existentes? 

> Segundo Leal de Souza, que vivia a Umbanda em sua origem, as Sete Linhas da Umbanda eram: 

1. OXALÁ;
2. OGUM;
3. OXOSSI;
4. XANGÔ;
5. IANSÃ;
6. IEMANJÁ; 
7. AS ALMAS. 

> Em 1941 (passados 33 anos da fundação da Umbanda) foi realizado no Rio de Janeiro o Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda e neste congresso é ratificado as Sete Linhas da Umbanda. 
As linhas são chamadas de “Pontos da Linha branca de Umbanda” ou graus de iniciação e são: 

1º grau de iniciação – ALMAS;
2º grau de iniciação – XANGÔ;
3º grau de iniciação – OGUM;
4º grau de iniciação – IANSÃ;
5º grau de iniciação – OXOSSI;
6º grau de iniciação – IEMANJÁ; 
7º grau de iniciação – OXALÁ. 

* Reparem que os 7 Pontos ou Graus de iniciação confirmados no Primeiro Congresso Brasileira de Umbanda (1941) são as Sete Linhas da Umbanda apresentadas por Leal de Souza em 1925. É neste primeiro congresso de umbanda que a Tenda Mirim apresenta um trabalho sugerindo que o nome da religião seria Aumbandã. 

> Em 1942 Lourenço Braga publica sua tese chamada “Umbanda e Quimbanda”, na qual apresenta o primeiro esquema formulado e pensado das Sete Linhas da Umbanda com sete legiões para cada linha, também marca seu pioneirismo na apresentação da LINHA DO ORIENTE e das sete linhas da Quimbanda: 

1. Linha de Santo ou de Oxalá – dirigida por Jesus Cristo;
2. Linha de Iemanjá – dirigida por Virgem Maria;
3. Linha do Oriente – dirigida por São João Batista;
4. Linha de Oxossi – dirigida por São Sebastião;
5. Linha de Xangô – dirigida por São Jerônimo;
6. Linha de Ogum – dirigida por São Jorge; 
7. Linha Africana ou de São Cipriano – dirigida por São Cipriano. 

> Em 1952 (após 44 anos do inicio da religião) o Primado de Umbanda, ente federativo que tem como seu Primaz o Senhor Benjamim Figueiredo, responsável pela Tenda Mirim apresenta sua doutrina e os 7 Seres Espirituais responsáveis pela luz espiritual emanada de Deus, o primeiro elo entre Deus e as outras hierarquias espirituais. Em nosso sistema solar, os chamados Orixás Maiores regem as Sete Linhas da Umbanda: 

1. ORIXALÁ;
2. OGUM;
3. OXOSSI;
4. XANGÔ;
5. YORIMÁ (IOFÁ, OBALUAÊ);
6. YORI (IBEJI – ERÊS – CRIANÇAS); 
7. IEMANJÁ. 

> Em 1955 Lourenço Braga publica o livro “UMBANDA E QUIMBANDA – VOLUME 2”, onde apresenta a seguinte distribuição, onde atribui a cada linha um Arcanjo como responsável e relaciona com os planetas: 

1. Linha de Oxalá ou das almas – Jesus – Jupiter;
2. Linha de Yemanjá ou das águas –Gabriel – Vênus;
3. Linha do Oriente ou da Sabedoria – Rafael – Urano;
4. Linha de Oxossi ou dos vegetais – Zadiel – Mercurio;
5. Linha de Xangô ou dos minerais –Oriel – Saturno;
6. Linha de Ogum ou das demandas – Samael – Marte; 7. Linha dos Mistérios ou encantamentos – Anael – Saturno. 

> Em 1956 W.W.Mata e Silva apresenta no livro “Umbanda de Todos Nós” as 7 linhas da Umbanda: 

1. ORIXALÁ;
2. IEMANJÁ;
3. YORI (CRIANÇAS );
4. XANGÔ;
5. OGUM;
6. OXOSSI; 
7. YORIMÁ (LINHA DAS ALMAS, PRETOS VELHOS).

* Notamos que foi a partir da década de cinquenta que os estudiosos retiram das 7 linhas a vibração de Iansã e substituem pela Yori (Crianças). 

> Em 1964 no livro “Okê Caboclo – Mensagens do Caboclo Mirim”, de Benjamim Figueiredo fundador da Tenda Mirim, os Orixás se dividem em menores e maiores, sendo estes últimos os regentes das 7 linhas: 

1. OXALÁ – INTELIGÊNCIA;
2. IEMANJÁ – AMOR;
3. XANGÔ CAÔ – CIÊNCIA;
4. OXOSSI – LÓGICA;
5. XANGÔ AGODÔ – JUSTIÇA;
6. OGUM – AÇÃO; 
7. IOFÁ – FILOSOFIA.

> Em 2003, Rubens Saraceni, apresenta uma nova organização no livro “Sete Linhas da Umbanda – A Religião dos Mistérios”: 

1. OXALÁ – essência cristalina – FÉ;
2. OXUM – essência mineral – AMOR;
3. OXOSSI – essência vegetal – CONHECIMENTO;
4. XANGÔ – essência ígnea – JUSTIÇA;
5. OGUM – essência aérea – LEI;
6. OBALUAIÊ – essência telúrica – EVOLUÇÃO; 
7. IEMANJÁ – essência aquática – GERAÇÃO/VIDA 

> Em 2009 no livro “Manual Doutrinário, Ritualístico e Comportamental Umbandista”, Rubens Saraceni, traz a seguinte ordenação: 

1. OXALÁ;
2. OGUM;
3. OXOSSI;
4. XANGÔ;
5. OXUM;
6. OBÁ; 
7. IANSÃ;
8. OXUMARÉ;
9. OBALUAÊ;
10. OMULU;
11. NANÃ;
12. OIÁ TEMPO; 
13. EGUNITÁ;
14. EXU;
15. POMBA-GIRA. 

> Em 2010, Janaina Azevedo Corral, no livro “As Sete Linhas da Umbanda”, traz a seguinte apresentação: 

1. Linha de OXALÁ;
2. Linha das ÁGUAS;
3. Linha dos ANCESTRAIS (YORI E YORIMÁ);
4. Linha de OGUM;
5. Linha de OXOSSI;
6. Linha de XANGÔ; 
7. Linha do ORIENTE 

...Além das codificações citadas acima, existem outras. Estas codificações tentam explicar ou justificar como e porque, os espíritos se manifestam com
determinadas características, porque possuem preferência por determinadas cores, nomes, regiões da natureza (praia, montanhas, matas, cemitérios etc.) e demais afinidades. 

Todos estes escritores e pesquisadores umbandistas, inspirados por seus mentores, observaram, estudaram e de acordo com suas observações agruparam as entidades espirituais em linhas, que foram em determinadas épocas separadas em falanges, legiões etc.


Por: Manoel Lopes
Imagem: João Makray
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