4 de out. de 2024

Origem Islâmica de Exu Marabô

Tenho defendido fortemente em meus conteúdos a influência dos “Negros Malês” nas Macumbas. E uma das fortes evidências desse ponto de vista está em EXU MARABÔ.

MARABÔ é uma adaptação brasileira da palavra afro-islâmica “MARABUTO” (Murābiṭ), que grosso modo tem o significado de Eremita, ou Homem Santo. Seria um título para designar um líder religioso ou professor muçulmano.

O fato é que a palavra “Malê” foi um termo que o Yorubas utilizaram para cunhar pejorativamente os negros de origem Islâmica. Malê queria dizer “Estrangeiro”. 

Mas, entre os Malês, ou seja, entre os negros de origem islâmica, haviam divisões. Apesar de todos eles se voltarem com fervor à reverência de Allah e o Alcorão. Existiam aqueles que eram mais focados nos mandamentos morais, e existiam outros mais focados nos conhecimentos místicos e iniciáticos da religiosidade Islâmica. E é desse segundo grupo de místicos Malês que veremos a presença dos Marabutos. 

Eles serão figuras essenciais na criação da religião da Cabula em solo brasileiro, introduzindo elementos ritualísticos, conhecimentos cabalísticos, e também o contato com os Djinns (Daemons Árabes). Sim, o contato com os daemons não é uma novidade do século 20 no Brasil, no século 19 a Cabula já tinha esse caldo engrossando e em pleno desenvolvimento, mesmo que alguns puristas tentem invalidar essa influência.

Já na Macumba do fim do século 19 e começo do 20, esses negros de origem mulçumana da Cabula, donos de profundos conhecimentos místicos vão ser chamados de Alufás. Serão presentes principalmente na Macumba Carioca, introduzindo muitas práticas que vemos até hoje nos cultos brasileiros.

E é desses ancestrais (que ficaram pejorativamente conhecidos como Malês) que se criará a linhagem que tanto conhecemos dos MARABÔS. 

Quando um EXU MARABÔ vier em terra, esteja ciente que ali tem o espírito de um MARABUTO, um ALUFÁ que carrega profundos conhecimentos místicos, cabalísiticos e que tem sua linhagem no culto brasileiro ligada às Cabulas. Para muitos até o nome Cabula seria uma corruptela de Kabbalah.  Já outros interpretam que Cabula viria do idioma Bantu Quicongo.

Apesar de muitos acharem que a linhagem da Cabala seja apenas hebraica (Pelo Zohar em 1558). Ela é tida por muitos historiadores como um conhecimento elaborado a partir da influência muçulmana entre os judeus. Esse conhecimento místico Islâmico é conhecido como Sufismo, e é pano de fundo que ajudará na elaboração da cosmovisão de muitas religiosidades brasileiras que tiveram contato com as Cabulas e Macumbas. 

Exu Marabô, antes de ser um Malê, é um Marabuto. Um Alufá, um profundo conhecedor dos mistérios de Allah.  

Quem não pode com Mandinga não carrega Patuá!

Tem que respeitar!!!

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