Na Sociologia, o empoderamento é uma
ação de grupos sociais que buscam reconhecimento jurídico, político e
principalmente cultural dentro da sociedade. Uma ação que parte de um
posicionamento dos indivíduos desses grupos, indivíduos que buscam uma integração
ou adesão intelectual dos aspectos gerais de sua cultura para disseminação
através de uma ação cívica seja ela de qual natureza for como midiática,
artística, panfletária, etc.
Pois bem.. mas e o
empoderamento umbandista?
Bom, o empoderamento umbandista consiste em fortalecer a
argumentação de identidade cultural do axé. Honrar os ancestrais, não negar
nossas raízes. Afirmar nossa religiosidade diante das adversidades com
profundidade no assunto, explicando o que fazemos, porque fazemos e pra que fazemos.
Tentar separar no discurso o que realmente é nosso e faz parte de nossos
costumes daquilo que é senso comum, ou seja, daquilo que nada tem a ver com a
gente mas que é atribuído pelos ignorantes como nosso.
Um exemplo é um ebó na encruzilhada com um frango morto. É
algo que muitos atribuem a Umbanda, mas que não faz parte nem de nossos
fundamentos e muito menos do Candomblé. É algo que alguma pessoa decidiu fazer,
mas sem nossos fundamentos. Todos sabem que na Umbanda não há necessidade de
sangue e sacrifício animal, nós optamos pelo sangue vegetal, das folhas e ervas.
E o sacrifício animal no Candomblé acontece, porém em rituais restritos, e o
animal é utilizado como alimento nos barracões. O frango jogado na esquina não
se enquadra em nenhum dos fundamentos.
Ou seja, se você fortalece seu argumento para explicar esse
tipo de coisa o resultado é positivo, é por isso que o empoderamento umbandista
é tão importante para a religião de Umbanda. Importante, pois ajuda a
esclarecer, ajuda tirar o véu que encobre a percepção das pessoas em relação a
nós.
Isso pode ser feito com diversos temas. Como quando acusam
Exu de ser o diabo, você pode já cortar na hora, mostrar que a percepção que o
cristão tem de Exu como diabo se dá por uma questão histórica, onde eles viram
os escravos cultuando uma imagem talhada na madeira com o falo exposto e isso
para eles era pecado... não é a toa que o sincretismo entre cristãos mais
cultos mudou, antes associavam Exu a demônio, mas hoje gostam de associar ele a
Santo Antônio pelo poder místico e espiritual.
Outro tema é em relação a incorporação. Muitos têm medo que
um Umbandista incorpore entidade em qualquer lugar, no trabalho, na faculdade.
Com propriedade você pode dizer que não, que a filosofia umbandista nos
doutrina que existe hora e lugar para nossas práticas mediúnicas.
A tarefa do umbandista na minha percepção é essa. Hoje,
somos agentes políticos, nossa ação política é essa, se empoderar de nossa
própria cultura, ter orgulho de nossa identidade e ir pra cima... Com bom senso
e serenidade mostrar que as acusações que nos fazem não tem fundamento, não tem
lógica. Fornecer aquilo que na filosofia chamamos de dialética, propor a
reflexão onde o ouvinte tem uma ideia, nós fornecemos outra ideia e assim se dá
o processo de reflexão de contraposições que faz gerar uma terceira percepção a
respeito de um tema. Uma percepção refletida, exposta ao crivo da argumentação.
Total apoio. Vamos compartilhar.
ResponderExcluirNem acredito que achei um blog com postagens originais e que me ensinam não tanto. Minha visão bate com a sua e vou indicar pra todo mundo!
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