A arte já foi fonte de estudo de diversos autores clássicos:
Karl Marx, que dizia que a arte somente poderia ser estudada no contexto da história, do trabalho e da indústria, pois o modo de produção seria decisivo para a vida social e intelectual;
Sigmund Freud, que estabelecia a arte como função social que tem responsabilidade de ser mediadora, de promover a adaptação do indivíduo e garantir o equilíbrio das sociedades;
Michael Foucault, entendeu a arte na sociedade moderna como portadora de um discurso trágico, uma experiência até certo ponto negativa e radical, que provocaria alterações, deslocamentos e transposições; daí então a contiguidade com a loucura, e a aparente ausência de sentido;
Umberto Galimbert, que concluiu que afastar o homem da expressão espiritual propiciada pela arte equivaleria a limitá-lo a condição animal; da mesma forma a arte em sua materialidade não existiria sem o homem, estaria restrita ao domínio do espírito.
Dessa forma, podemos ver através dos autores mencionados que a sociedade se manifesta e interage através da arte. De igual modo, a religião, como fonte de cultura, também expressa manifestações artísticas.
No caso da Umbanda, o primeiro aspecto é a própria dança, em que se cultua cada orixá e guia com um jeito particular de dançar e se representar. Esse jeito é que ajuda na identificação da entidade, seus domínios e suas características. A dança ritualística da umbanda não é só expressão corporal. Sua função é transmitir informações míticas sobre a entidade. A dança do orixá Ogum está relacionada ao mito de que ele fora um orixá guerreiro e seus movimentos durante a dança remetem ao mito.
Fortemente relacionado à dança, tem-se o canto, ou pontos cantados, e o toque dos atabaques. Os cantos também se diferenciam de entidade para entidade. As letras dos cantos contam a historia do orixá, já que não dominavam a escrita, os mitos eram transmitidos oralmente.
Podemos citar também, como arte umbandista, as vestimentas e indumentárias dos orixás e guias. Cada um se veste com roupas próprias e de cores diferentes. Os adornos e ferramentas utilizados são diferentes entre si, mesmo que o domínio de distintos orixás seja o mesmo. Por exemplo: Obá e Oxum são divindades das águas doces, mas têm características totalmente diferenciadas. Logo suas roupas, ornamentos e instrumentos são diferentes.
Desse modo, concluímos que os conceitos de arte e sociedade estão intrinsecamente relacionados, sendo que a arte está presente nos múltiplos aspectos da vida em sociedade, como a religião. Ambas têm particularidades, mas se unem por serem atividades de natureza humana, que lhes dão significado.