29 de mai. de 2016

O significado dos Orixás para os Yorubás

Aqui, no Brasil, quando falamos de Orixá, falamos de uma força pura, geradora de uma série de fatores predominantes na vida de uma pessoa e também na natureza. Os Orixás são os intermediários entre Olódùmarè - Olórun (Deus) e os seres humanos.

Mas, para os yorubás quem são os Orixás? Como surgiram? Quais as suas origens? Como são cultuados?


Para estas perguntas, devemos levar em consideração alguns aspectos culturais e religiosos do povo yorubá.

Os yorubás creem em divindades vindas do Òrun (espaço) que chamam de Orixás; na existência ativa dos antepassados, que chamam de Egúngún (mascarado - em alusão a roupa usada que cobre todo o corpo); nos Ésà's (espíritos ancestrais) e nos Ésà's-Òrìsà's (ancestrais que viraram Orixás).

Sobre a crença das divindades que vieram do infinito, um mito yorubá relata que Olórun (Deus), Senhor do Infinito, criou o Universo com o seu ófu-rufú, mimó, ou hálito sagrado, criando junto seres imateriais que povoaram este Universo. Esses seres seriam os Orixás (emanações vindas de Olórun) que foram dotados de grandes poderes sobre os elementos da natureza com domínio sobre o fogo, água, terra e ar; além de dominar também os reinos vegetal e animal, com representações masculinas e femininas. Sendo assim, para os yorubás, cada ser humano - mediante a energia de sua constituição física e pelas leis de afinidade - possui um ou mais Orixás como protetores de sua vida, sendo destinados a eles diversas formas de culto.

O outro aspecto para os yorubás é de que alguns Orixás foram ancestrais divinizados. Para eles os Egúngún's também são chamados de Ésà's (espíritos ancestrais) e costumam ser enterrados por sua famílias no mesmo terreno de suas casas no intuito de cultuá-los. Este local ou sepultura se denomina "Oju ibo" (local de culto). Lá estão vários objetos usados pelo Ésà quando em vida. Pelas melhorias alcançadas com estes cultos, o conceito de alguns destes antepassados são elevados à categoria de Ésà-Òrìsà (o ancestral que virou Orixá) ou "Orixás ancestrais divinizados". Os beneficios com estes cultos tornam esses Ésà 's conhecidos como Orixás locais ou Orixás nacionais como Exu, por exemplo, que é cultuado na cidade de Igbèti; Orixá Oko, em Irawò; Ògún, em Ondó e Ìré e Xangô, na antiga Òyó. Com a vinda dos yorubás para as Américas estes Orixás ganharam cultos em vários países.

Sob esta visão, Xangô tornou-se Orixá em um momento de contrariedade por se sentir abandonado, quando deixou Òyó para retornar à região de Tapá. Somente Oyá, sua primeira mulher, o acompanhou na fuga e, por sua vez, ela entrou debaixo da terra depois do desaparecimento de Xangô. Suas duas outras mulheres Oxum e Obá tornaram-se rios que têm seus nomes, quando fugiram aterrorizadas pela fulminante cólera do marido.

Além dos "Orixás Antepassados" as famílias yorubás cultuam um "Orixá particular" como no caso de Òrúnmìlà e Òsányìn (Senhor das ervas medicinais que traz a cura das doenças).
Aqui, no Brasil, pela convivência com outras etnias e culturas, os yorubás passaram a cultuar os Orixás com a visão única de forças naturais, abandonando assim, o conceito de ancestrais divinizados. Aqui, o Culto aos Orixás ficou voltado para a natureza, como o trovão, o vento, as águas doces e salgadas, garantindo-lhes a possibilidade de exercer certas atividades como a caça, pesca, agricultura, ou trabalho com ferro e metais.

Para nós, os Orixás tem um significado mais profundo pois, eles são junções de várias energias do Òrun (espaço) e do Àiyé (terra) que funcionam para o nosso amparo físico e espiritual. A palavra em yorubá Òrìsà (Orixá) é uma modificação fonética de Orìsè que vem de: Ibiti orí ti sè (a origem ou fonte de orí-cabeça) em referência que todo orí vem de Olórun, ou ainda, Orixá é "o Senhor e Guardião da nossa cabeça!".


PARA FORTALECER SEU ORÍ:

Cozinhe 500g de canjica, escorra e deixe esfriar. Misture-a com açúcar cristal, coloque-a numa tigela e cubra com algodão. Deixe por três dias dentro de casa num lugar mais alto que sua cabeça. Depois despache só a canjica nos pés de uma árvore.
Axé!


Por: Pai Paulo de Oxalá (Candomblecista)
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